Metodologia criada pelo Instituto Inspirare reúne dicas para a organização de oficinas que promovam colaboração entre escolas e empresas

Do Porvir

A relação entre educadores e empreendedores é essencial para o desenvolvimento de soluções digitais que impactem o aprendizado e a concretização de inovações educacionais na escola. Embora todos trabalhem com educação, eles têm referências diferentes, enfrentam rotinas diversas e até falam cada um de um jeito. Foi pensando nisso que o Porvir/Inspirare, em parceria com Criamundi, lançaram o toolkit Apreender na Prática – Como promover conexões produtivas entre empreendedores e educadores, disponível no especial Apreender, do Porvir, que orienta a organização de oficinas com a participação dos dois públicos.

A apresentação do guia aconteceu durante o 11º Conecte-c, evento realizado pelo CIEB (Centro para Inovação da Educação Brasileira), que reuniu nesta terça-feira (5) cerca de 70 integrantes do ecossistema de educação, como empreendedores, gestores, educadores e pesquisadores. Para discutir os desafios e o os benefícios da aproximação entre educadores e empreendedores, participaram da discussão Felipe Correia, fundador da Eduqa.me, plataforma digital para gestão pedagógica da escola, Andrezza Amorelli, diretora do Colégio Elvira Brandão, que fica em São Paulo, e Márcia Padilha, fundadora da Criamundi.

Primeiro a tomar a palavra, Correia lembrou dos primeiros passos da Eduqa.me, quando precisava convencer seu público-alvo que toda a papelada envolvida no dia a dia da escola, da diretoria à sala de aula, poderia ser trocada por um processo totalmente online, até para facilitar a comunicação com os pais. “É um desafio para as escolas mostrar como é o desenvolvimento de linguagem em uma turma de maternal. A Eduqa.me consegue tornar essas informações visíveis para a direção e coordenação e dá agilidade para o professor”.

Para essa mensagem chegasse sem ruídos, a saída foi iniciar uma aproximação virtual (por meio do blog Na Escola) e presencial com os professores, incluindo uma das oficinas Apreender na Prática, em 2016. “A gente só conseguiu chegar a 100 mil visitas ao blog porque sentamos com mais de 150 professores de escolas públicas e privadas para entender as dores que eles tinham e melhorar a plataforma”, disse Correia. Como resultado, a Eduqa.me descobriu certas peculiaridades da vida do professor e preparou suas vendas e entrevistas para depois das 19 horas, quando acaba o expediente nas escolas.

Quem está na escola

Pelo lado do gestor, Andrezza Amorelli, diretora do Colégio Elvira Brandão, que recentemente escreveu um artigo para o Porvir, trouxe a experiência de quem encontrou sobreposição de ferramentas digitais sendo usadas em sua escola e decidiu enxugar a lista de parceiros investigando o porquê de suas escolhas.

O Elvira trabalha baseado em tem três grandes pilares, que orientam todo o projeto pedagógico: metodologia de projetos, metodologias ativas e cultura maker. Para atendê-los, Andrezza admite ser inviável desenvolver ferramentas internamente, mas é possível escolher usá-los como filtro para qualificar a compra.

“Quando a gente vê que existe alinhamento com o propósito, rodamos um piloto. Foi assim que fizemos com a Guten News. Chamamos as professoras, vimos que fazia sentido e colocamos para esse ano”, afirma.

Engana-se, no entanto, quem pensa que o relacionamento entre empresa e escola acaba na assinatura do contrato, que Andrezza chega a comparar a um “casamento”. “Você precisa ter alguém que tenha disponibilidade para viver a experiência da escola. Pacote pronto não adianta. O que funciona são os propósitos e os pilares, porque você não pode parar todos os processos de uma escola para adequá-los à ferramenta”, resume.

Oficinas

Ao final do encontro, Márcia Padilha organizou uma atividade em grupos que simula uma das fases da oficina Apreender na Prática, que foram criadas e prototipadas pelo Inspirare em 2016, em parceria com  Inketa, The Impact Hub e Artemísia. Tratam-se de encontros presenciais estruturados para professores e gestores de escolas conhecerem, avaliarem e validarem soluções de empresas de tecnologia na educação. No recém-lançado toolkit, sua metodologia é compartilhada para facilitar a organização de encontros semelhantes, de forma autônoma, por outras instituições envolvidas no ecossistema de empreendedorismo em educação. Segundo Tatiana Klix, editora do Porvir presente no lançamento, a disponibilização desse material tem o objetivo de ampliar as possibilidades de colaboração entre esses públicos.

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