Desde que foi criada em 2014, a Aliança pelos Investimentos e Negócios de Impacto vem fomentando o crescimento e o fortalecimento do campo no Brasil.  O lançamento das Recomendações para fortalecer o campo até 2020 vem pautando uma série de iniciativas e agendas no correr dos últimos anos.

A mais recente dela, a Chamada Impulse – cujo resultado foi divulgado em setembro deste ano – selecionou seis propostas que receberão um total de R$ 230 mil em doações para desenvolver ações inovadoras no ecossistema. A Chamada foi realizada em parceria com o Instituto de Cidadania Empresarial (ICE), Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), por meio do Fundo Multilateral de Investimentos (Fumin), o Instituto Vedacit, o Itaú e o Britsh Council.

As 107 propostas recebidas atenderam ao convite feito pela Aliança para fortalecer o campo nas cinco categorias especificadas pela chamada: empreendedorismo de impacto na periferia; conexão de grandes empresas com a agenda de impacto; compras públicas de negócios de impacto; capital semente para fomento a negócios de impacto; e criação do Prêmio Jornalista de Impacto.

Universidades, incubadoras e aceleradoras, consultorias e empreendedores de impacto, de organizações pequenas ou em estágio inicial, e também de organizações consolidadas, estavam entre os proponentes. Mais de 60% das propostas tinham uma organização correalizadora, o que é considerado um indicador positivo de colaboração entre atores do ecossistema e da existência de uma rede. Diversas foram também as soluções apresentadas como produção de livros e vídeos, sistematização de metodologias de formação, desenvolvimento e distribuição de aplicativos e eventos de conexão de atores estratégicos.

Para Diogo Quitério, do ICE, a iniciativa é uma oportunidade de reconhecer, apoiar e dar visibilidade para metodologias e organizações dispostas a resolver questões chave para o avanço do campo. “É um estímulo à inovação e criatividade no campo e uma forma de estimular a gestão do conhecimento, considerando que uma das expectativas da Chamada é sistematizar e disseminar aprendizados das propostas apoiadas. ”

Para o British Council, um dos parceiros da Aliança nesse processo, a Chamada Impulse tem valor inestimável para o campo dos negócios e finanças de impacto no Brasil. “Encorajamos propostas de diversas partes do país a contribuírem com soluções criativas para o fomento do ecossistema e proporcionando oportunidade para endereçar prioridades identificadas para investimento no campo.” avalia Martin Dowle, diretor do British Council no Brasil.

No início de 2018, a organização lançou o programa DICE – Developing Inclusive and Creative Economies – traduzido no Brasil como Economia Criativa com Impacto Social – que apoiará o desenvolvimento de economia criativa e negócios sociais no Reino Unido e em cinco países emergentes: Brasil, Egito, Indonésia, Paquistão e África do Sul.

“O Reino Unido tem um histórico de algumas décadas em investimento de impacto. Ao longo dos últimos 10 anos, houve evolução significativa no setor com mudanças de abordagem governamental e novas respostas do próprio ecossistema: aumento no número de incubadoras e um novo foco do investimento social com maior ênfase na mensuração do valor social. Não muito diferente da situação no Brasil, mudanças na economia acabaram gerando pressão para que organizações não-governamentais se tornassem mais empreendedoras, ao mesmo tempo que também presenciamos a terceirização de muitos serviços públicos e a incorporação dos valores de responsabilidade social corporativa para além do lucro financeiro nas empresas do setor privado. ” comenta Dowle.

Para Luís Fernando Guggenberger, gerente de inovação e sustentabilidade do Instituto Vedacit, que também é parceiro da Chamada, “a iniciativa é fundamental para dar luz aos temas que estão à margem das discussões sobre o campo das finanças sociais ou que não conseguiram dar maiores saltos junto aos atores do ecossistema frente às recomendações da Aliança pelo Impacto. Ao colocar holofotes nesses temas, ajudará muito no direcionamento de investimentos, especialmente no capital filantrópico do ecossistema. ”

Conheça as propostas selecionadas:

Evolução

As 15 recomendações apontadas pela Aliança pelos Investimentos e Negócios de Impacto para fomentar o campo, elaboradas em 2015, espelharam um processo de escuta de atores e o estudo de como esse tema vinha sendo trabalhado em outros países. Nos últimos anos, a Aliança tem mobilizado, conectado, apoiado e reconhecido atores com ações alinhadas às recomendações.

No início de 2018, a Aliança promoveu uma consulta aberta a atores do ecossistema e mapeou ações, temas e públicos prioritários para o fortalecimento do campo ao longo do ano. Esse levantamento encontra-se sistematizado no relatório Avanços, conquistas e orientações para o futuro. O passo seguinte foi identificar quais dos temas apresentavam lacunas de atuação, buscando organizações envolvidas com metodologias e soluções que poderiam ser fomentadas. A Chamada Impulse responde à necessidade de preencher estas lacunas.