Por Camila Nasser. Originalmente publicado no Kria.

venture capital (VC) First Round, uma das primeiras investidoras do Uber, teve saídas superiores a $3Bi neste ano — e ainda nem acabou março. Logo na entrada do escritório deles, no Vale do Silício, lê-se:

“O futuro é (das) fundadoras”.

Isso porque ao completar 10 anos (em 2015), a VC analisou a performance de seu portfólio — 300 startups investidas, 600 fundadores — e descobriu que empresas com pelo menos uma fundadora performaram 63% melhor que as fundadas apenas por homens.

Assim como a First Round Capital, muitas outras pesquisas já comprovaram que equipes com maior diversidade têm melhor desempenho e retorno financeiro. Ainda assim, em um mercado onde potenciais de negócios e equipes deveriam ser os fatores determinantes ao sucesso, as oportunidades para mulheres são mais escassas:

Um levantamento feito pelo Crunchbase no ano passado revelou que apenas 17% das startups que receberam aporte de venture capital têm ao menos uma fundadora. Quando falamos de mulheres CEOs, esse número cai para 2.7%!

De acordo com a U.S Small Business Administration, o investimento em fundadoras está diretamente ligado ao número de investidoras: quando há uma mulher a frente dos investimentos, o aporte em empreendedoras quase triplica (34% vs 13%). Em casos com mulheres CEOs, a discrepância é ainda maior (58% vc 15%).

Essa correlação ocorre, em parte, porque a maioria das startups de mulheres está em mercados considerados historicamente femininos (como moda e beleza), que são menos visados por investidores. Soma-se a isso a tendência dos investidores de aportar dentro de suas redes (ou com recomendações) como meio de aplacar os riscos. E a rede de contatos dos homens é majoritariamente masculina. O problema é que o mercado de capital semente também o é:

No Angelist, plataforma que introduziu os sindicatos de investimentos para investidores qualificados, em 2014 apenas 7,4% dos investidores eram mulheres. Adoraria ver estatísticas mais recentes deles mas, considerando que no ano passado só 8% das mulheres tinham cargos de liderança nas venture capitalspouco progresso foi feito.

Mudar a dinâmica do mercado de venture capital poderá levar um tempo (percebeu que desde 2012, a porcentagem de fundadoras que receberam aporte não cresceu?). O que tem o potencial de transformar mais rápido o cenário do investimento em startups é o equity crowdfunding.

Vamos acabar com o monopólio masculino

Com o equity crowdfunding, não é necessário que trabalhe com venture capital ou seja uma investidora qualificada: todas podem investir em startups, a partir de R$500!

Estamos falando de milhões de pessoas com acesso a negócios de alto potencial de crescimento e impacto, investindo no que acreditam, e expandindo suas redes para além das fronteiras geográficas e sociais.

Para as fundadoras, é uma porta de acesso a investimento anjo — inclusive, a maior parte dos investimentos do Republic (plataforma americana) são em startups fundadas por mulheres.

No Kria, já temos empreendedoras brilhantes captando online — e faltam mais investidoras participando: queremos construir uma comunidade diversificada, capaz de impulsionar o empreendedorismo de forma igualitária para mulheres e as demais minorias sub-representadas no mercado tradicional.

No final, o que queremos é dar oportunidades iguais para os igualmente talentosos, independente do gênero, raça ou origem.

Às interessadas em investir em startups, fico à disposição para esclarecer toda e qualquer dúvida que tiverem (aqui: camila.nasser@kria.vc). E, se conhece alguma empreendedora genial em busca de capital, recomende-a para nós, que será um prazer analisar a oportunidade!

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