Área da saúde demanda soluções inovadoras oferecidas pelas healthtechs, que devem atrair mais investimentos no futuro próximo

2020 tem sido um momento de mudança forçada em todo o mundo. A pandemia do novo coronavírus está forçando uma revisão de estilos de vida, políticas públicas e, também, dos negócios. Com os impactos socioeconômicos que a pandemia, a quarentena e o distanciamento social impõem sobre todos, mas principalmente sobre as populações mais vulneráveis, os negócios de impacto se tornam ainda mais relevantes, seja na mitigação dos problemas resultantes desse cenário, seja na construção de um “novo normal” que aos poucos se estabelecerá na sociedade. Isso é ainda mais verdadeiro nos negócios de impacto na área da saúde.

As mudanças são muito visíveis nesse segmento. Alguns problemas históricos se tornaram mais evidentes a todos e inovações que já eram planejadas, mas também adiadas, estão tendo que acontecer rapidamente.

Iseli Reis, empreendedora do Fleximedical, comenta: “Mudou tudo. São novos desafios para problemáticas que já existiam. Sempre faltaram leitos de UTI, salas cirúrgicas e postos de vacinação no sistema de saúde. Isto não é novo. Antes da pandemia , um brasileiro morria a cada 5 minutos por não ter acesso a um posto de saúde. O que aconteceu é que todos estes problemas ficaram mais evidentes e o que antes acontecia em áreas remotas do Estado de São Paulo começou a acontecer nos grandes centros urbanos em uma escala muito maior”.

“Tenho certeza absoluta de que boa parte dos negócios não estava pronta para a digitalização. Estes precisarão escolher entre reinvenção ou morte”, explica Tatiana Pimenta, da Vittude, explicitando a necessidade de inovação tecnológica no setor.

Nesta matéria, abordamos as oportunidades para negócios de impacto no setor da saúde, contextualizando no atual cenário de pandemia. Boa leitura!


Este é um conteúdo da série:

+imPACTO: Negócios & Propósito


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[mks_accordion_item title=”A crise gera oportunidades na área da saúde”]

Já se tornou um chavão dizer que toda crise traz dentro de si uma oportunidade e a atual crise do Covid-19 não é exceção. A necessidade urgente de soluções no setor da saúde está aumentando a demanda pelas inovações que as healthtechs oferecem e tornando as etapas da sua jornada empreendedora mais aceleradas.

Iseli comenta que “as healthtechs pularam do MVP para linha inicial de produção em curto espaço de tempo, impactando positivamente a sociedade com uma crescente de soluções. Soma-se a isso a conscientização de que uma empresa tradicional não é apenas uma fonte de lucros. Ela precisa ter um papel social forte e coerente com o mundo ao redor. Assistir grandes instituições financeiras e multinacionais engajadas com a problemática e fazendo parte de uma solução para pandemia realmente vai mudar o rumo para um ‘novo normal‘”.

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[mks_accordion_item title=”Digitalização e telemedicina vieram para ficar”]

A pandemia está forçando empresas a colocar em prática inovações que muitas vezes estavam, segundo os empreendedores, “atrasadas”. Na visão de Tatiana Pimenta “a crise causada pelo coronavírus acelerou em pelo menos uns cinco anos a transformação digital do setor”.

Um exemplo disso é a telemedicina, assunto que já vinha sendo debatido há tempos, mas que ainda encontrava muita resistência por parte de órgãos como o Conselho Regional de Medicina, Crefito e outros. Uma exceção é a telemedicina na área da psicologia, que já é regulamentada pelo Conselho Federal de Psicologia desde 2012, o que ajudou a abrir portas para o atendimento online de outros profissionais de saúde, como médicos, nutricionistas e fisioterapeutas.

“A digitalização está muito em voga agora, assim como o trabalho remoto. O diretor de uma grande farmacêutica internacional me contou que estava há 3 anos com a ideia de colocar homeoffice para os funcionários. Em um mês, teve que fazer tudo o que estava planejando há três anos. E agora acha que não tem mais a necessidade de um escritório físico porque está dando tudo certo. Acho que a indústria era muito reticente em relação a digitalização, a inovação, e hoje em dia eles vêm que a tecnologia é uma coisa que vai agregar, não tem como fugir disso”, diz Rodrigo Miranda, da PegMed.

Segundo Fabio Pomes, da ArchiMotu, “o Conselho Regional de Medicina (CRM) não autorizava, mas os planos de saúde já faziam. É um movimento inevitável. O Crefito dizia que fisioterapia só pode se presencial. Esquece. O que o paciente puder, faz em casa, à distância”.

“As tecnologias já vinham sendo inseridas no cotidiano e estavam começando a fazer parte do ecossistema de saúde. Com a pandemia, todos os processos foram acelerados. Inteligência artificial, machine learning , telemedicina e soluções para rápida mobilização fizeram parte de todas discussões de saúde nos últimos 4 meses”, conclui Iseli Reis, da Fleximedical.

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[mks_accordion_item title=”Saúde mental e terapia online ganham força”]

O distanciamento social tem tido um impacto sobre a saúde mental da população. E tornou evidente para muitas empresas que elas precisam cuidar do bem-estar mental e emocional dos seus colaboradores, inclusive para mantê-los produtivos e contribuírem com o sucesso dos seus negócios.

“Não cuidar da saúde emocional dos colaboradores tem impacto direto no aumento dos sinistros de saúde, no absenteísmo, no turnover, no clima, engajamento e produtividade. Muitas empresas remanejaram recursos de aluguel, viagens, treinamentos, eventos para novos benefícios, como a terapia online” explica Tatiana Pimenta, da Vittude, que nesse período aumentou o seu número de clientes corporativos de 20 para mais de 70.

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[mks_accordion_item title=”Investimentos na área devem aumentar”]

Uma percepção geral dos empreendedores entrevistados é que os investimentos em startups da área da saúde devem sofrer um boom no futuro próximo e que as healthtechs devem se tornar as novas fintechs, considerando-se o interesse do investidor. A necessidade e a demanda por soluções inovadoras demandarão aportes de capital e mesmo players que não costumam investir em startups da área da saúde não irão querer perder a oportunidade.

“Há muitos fundos fazendo trabalhos bem aprofundados de pesquisa no setor, em busca do próximo unicórnio do segmento. Toda semana recebo contatos de fundos querendo conhecer mais sobre a Vittude, sobre nosso momento, querendo conhecer sobre o cenário de saúde no país. Os bons investidores não vão querer ficar fora destas teses de negócio, principalmente porque estamos falando de tamanhos de mercado bilionários e até trilionários, como é o caso do segmento de mental health”, diz Tatiana Pimenta.

Fabio Pomes acredita que “vai ter mta gente investindo agora. Ainda com receio, por que o dinheiro está curto e  ninguém sabe o que vai acontecer até o final do ano. Assim que a vacina sair, acho que vai ter um movimento de retomada e você tem que estar pronto para isso até com uma euforia. Não acho que vá ser maravilhoso, mas acho que o setor de saúde tem sim uma super oportunidade”.

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[mks_accordion_item title=”Casos de sucesso”]

Conheça quatro healthtechs inovadoras que estão se adaptando ao cenário do Covid-19 e pós-Covid-19.

ArchiMotu

A startup começou com o nome de PopFisio e a ideia era criar uma ma rede de clínicas de fisioterapia de baixo custo, nos molde do Dr. Consulta e da academia SmartFit. Porém, o personal trainner e empreendedor Fabio Pomes decidiu pivotar o negócio ao criar um equipamento chamado ArchiMotu, que pode ser adotado para fins de fisioterapia e reabilitação. Faz parte desse equipamento um dispositivo que pode ser usado em casa, permitindo que pacientes façam reabilitação sem se deslocar até uma clínica, o que combinou muito bem com o período de distanciamento social. Além disso, o dispositivo possui sensores que fornecem os dados biométricos da atividade do paciente, como como força, potência, velocidade, deslocamento e repetições. Além de ser compatível com plataformas como Strava, Apple Watch e outras, permitindo o acompanhamento à distância da evolução do paciente. Segundo Fabio: “o equipamento vai funcionar melhor em um mundo com muito menos lojinha e mais atendimento à distância”. Saiba mais.

Fleximedical

Em vez do paciente se deslocar até a clínica, a clínica pode se deslocar até o paciente. Com esse propósito, a Fleximedical desenvolve unidades móveis e portáveis para atendimento de saúde. Transformam carretas, vans, ônibus e containers em consultórios médicos, salas de diagnostico e até mesmo em pequenos centros cirúrgicos para o atendimento de população de alta vulnerabilidade social. Trabalham com modelos de negócio B2B e B2G, atendendo ao setor privado e público, com modelos de locação ou venda dependendo da necessidade do cliente. Saiba mais.

PegMed

Plataforma que permite que medicamentos e materiais hospitalares que não podem ser mais comercializados (pois estão próximos do prazo de validade) sejam doados a instituições (como ONGs e secretarias da saúde) que precisam desses insumos. Para as doadoras, a vantagem é economizar com logística reversa e agregar valor às suas marcas. Enquanto que para as instituições a vantagem é obter medicamentos para quem necessita e não tem como pagar por eles. Além disso, há a vantagem ambiental: evita que medicamentos e materiais hospitalares cheguem aos aterros sanitários ou sejam incinerados. Atualmente, a plataforma conta com 12 doadoras e 68 instituições cadastradas pelo Brasil. “Como uma forma de ajudar mais instituições nesse momento difícil, a gente abriu a plataforma gratuitamente enquanto durar a pandemia”, diz Rodrigo Miranda. Saiba mais.

Vittude

Plataforma que conecta psicólogos a pessoas que queiram fazer terapia online a um preço acessível. Atua também em projetos de saúde mental corporativa, em que, por meio de um investimento fixo mensal, por colaborador, as empresas oferecem aos seus times um subsídio parcial ou integral para sessões de psicoterapia. Atualmente, a startup já está presente em mais de 50 países, com mais de 130 mil usuários e cerca de 5.500 psicólogos cadastrados. Saiba mais.

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