Evento de lançamento do relatório contou com a presença de Randall Kempner, diretor-executivo da ANDE

Do ICE

O Instituto de Cidadania Empresarial (ICE) e a Aspen Network of Development Entrepreneurs (ANDE) realizaram no dia 26 de julho, em São Paulo, o encontro “O papel das aceleradoras e incubadoras no campo dos negócios de impacto” para apresentar o relatório “O Panorama das Aceleradoras e Incubadoras no Brasil”, desenvolvido pelas duas organizações.

O evento contou com a presença de Randall Kempner, diretor-executivo da ANDE, que analisou em sua apresentação dados da GALI – Iniciativa Global para Aprendizado em Aceleração (Global Accelerator Learning Initiative (GALI), estudo que serviu de base para o relatório brasileiro. Rob Parkinson, representante da ANDE no Brasil e coordenador do levantamento, expôs os principais resultados do relatório Brasil (acesse na íntegra).

O relatório traça o perfil dos programas de aceleração, o seu foco potencial em negócios de impacto, assim como comparações com atividades de outras organizações similares ao redor do mundo. “Queremos que esse relatório represente o primeiro passo de um esforço contínuo para a coleta e análise de informações sobre esses atores no Brasil e no resto do mundo e que sirva para estimular mais conversas e pesquisas por parte de outras organizações”, afirmou Rob Parkinson.

Participaram da pesquisa 53 aceleradoras e incubadoras, das cinco regiões do Brasil, com uma concentração maior no Sudeste (60%) e Sul (25%). Cerca de 60% dos respondentes podem ser classificados como aceleradoras e os demais são incubadoras ou prestam outro tipo de apoio a empresas.

Alguns dos principais aspectos do relatório ANDE-ICE são:

  • Pouco mais da metade dos participantes não tem preferência com relação ao setor de atuação dos negócios ​que apoiam. Entre os demais, os setores mais comuns são TIC, saúde e energia.
  • Aproximadamente um terço dos respondentes garantem financiamento para alguns ou todos os negócios apoiados, sendo equity a forma mais comum de investimento.
  • As fontes mais comuns para financiamento das operações incluem governo, organizações filantrópicas e taxas cobradas dos negócios acelerados.

Apoio a negócios de impacto:

  • Aproximadamente um quarto dos respondentes intencionalmente apoia negócios com objetivos sociais ou ambientais.
  • Na amostra, aceleradoras que focam em impacto têm menos chances de garantir investimento aos negócios que apoiam.

Comparação com o resto do mundo:

  • As aceleradoras brasileiras que fazem parte da amostra possuem programas com duração mais longa do que aquelas que atuam em outros países.
  • As aceleradoras brasileiras relatam, em média, um número menor de negócios que se candidatam aos seus programas e turmas menores.

Além de apontar os gaps entre os cenários, o relatório apresenta três recomendações ao ecossistema de empreendedorismo no Brasil: ajudar os empreendedores a aproveitarem ao máximo as oportunidades disponíveis; testar novos modelos de financiamento e aumentar o diálogo com investidores de impacto. “Esse estudo mostra que pode haver um desalinhamento entre os setores que são de maior interesse para aceleradoras com foco em impacto e aqueles priorizados por investidores de impacto. Aceleradoras e investidores devem também pensar de maneira colaborativa sobre como lidar com o desafio de garantir o recebimento de financiamento a empresas nascentes”, explica Rob.

No Brasil, a ANDE conta com 37 membros que incluem fundações, universidades, aceleradores, incubadoras, fundos de investimento, pesquisadores, agências governamentais e corporações que apoiam o crescente setor de negócios pequenos e em crescimento (Small and Growing Businesses, SGBs) do país. Com o objetivo de estimular o crescimento do ecossistema, divulga conhecimentos especializados sobre o campo, conexões nacionais e internacionais, e incentiva parcerias e compartilhamento de conhecimento entre os membros.

Mercados emergentes

Em sua apresentação, Randall Kempner fez um apanhado do estudo “Acelerando startups em mercados emergentes”, que analisa programas de aceleração integrantes do Programa Base de Dados de Empreendedorismo (Entrepreneurship Database Program).

Esse é o segundo relatório da GALI, realizado em colaboração com a Deloitte Canadá. Examina dados de mais de 2.400 empreendimentos em fase inicial e participantes de 43 programas de aceleração, administrados por 12 organizações diferentes em nove países. O estudo investiga as semelhanças e diferenças que existem entre programas de aceleração de mercados emergentes e programas de países de alta renda, conforme categorias definidas pelo Banco Mundial. Combinando dados longitudinais sobre os negócios com contribuições qualitativas feitas pelos empreendedores, gestores de programa e investidores, desafia suposições entre as diferenças percebidas entre as geografias e crenças generalizadas que sugerem que os empreendedores de países emergentes são menos confiáveis e, que seus empreendimentos precisam de mais capital e são mais arriscados.

“No geral, percebe-se que o perfil dos dois tipos de países não é tão diferente quanto pode parecer. Quando se trata de estímulo ao crescimento de negócios promissores, os programas de aceleração de mercados emergentes da nossa amostra atraem o mesmo tipo de empreendedores e negócios, e produzem resultados similares aos de programas de países de alta renda, como, aumento de receita, do quadro de funcionários, de equity e de investimentos em títulos de dívida. As diferenças são sutis, mas importantes”, afirma Randall.

Painel

Questões relacionadas à gestão, certificação, dificuldades vivenciadas por institutos, interação entre incubadoras e aceleradoras, projetos para a base da pirâmide, expertise para conduzir projetos e foco dos investimentos foram alguns dos temas abordados pelos especialistas que participaram da mesa de debates.

Moderado por Daniel Izzo (Vox Capital), o painel reuniu Anna de Souza Aranha (Instituto Quintessa), Sheila Pires (Anprotec), Pedro Massa (Instituto Coca Cola Brasil) e Randall Kempner (ANDE).