Startups aceleradas pela Artemisia promovem a inclusão social de pessoas com deficiências
Nota: este é um press-release recebido pela Printed Comunicação, assessoria de imprensa da Artemisia.
– Análise setorial conduzida pela equipe da Artemisia aponta que os negócios de impacto social focados em tecnologia assistiva têm conquistado mercados nacionais e internacionais, além de ganharem prêmios e reconhecimento dentro e fora do Brasil. Livox, Hand Talk e Playmove – empresas aceleradas pela Artemisia – são os exemplos mais emblemáticos da consistência dessa tendência.
– Quando se fala em oportunidade de negócio e de impacto social dentro desse setor, o foco é um mercado potencial de 45,6 milhões de brasileiros; quase 24% da população do país possui algum tipo de deficiência. Desses, a maioria tem entre 15 e 64 anos, faixa etária de brasileiros apta ao trabalho.
– A estimativa é que a parcela da população brasileira com alguma deficiência, de todas as classes sociais, movimente R$ 22 bilhões por ano; no mundo, o valor chega a US$ 4,1 trilhões anuais. Cabe ressaltar que há modelos de receita diferenciados que não envolvem somente o beneficiário final como pagante.
Movido pela necessidade de se comunicar melhor com a filha Clara Costa Pereira, que tem paralisia cerebral, o empreendedor pernambucano Carlos Pereira desenvolveu o Livox, um aplicativo que permite a alfabetização de pessoas com algum tipo de deficiência na fala ou motora. Em Alagoas, Ronaldo Tenório, Thadeu Luz e Carlos Wanderlan criaram o aplicativo Hand Talk – um software que traduz o português oral e escrito para a Língua Brasileira de Sinais. Em Blumenau, Marlon Souza e Jean Carlos Gonçalves desenvolveram a Playmove. A startup tem, entre os produtos principais, a Playtable: mesa digital adaptada para a alfabetização de crianças com Síndrome de Down ou doenças do Espectro do Autismo.
Apoiadas em tecnologia assistiva, as três empresas desenvolveram produtos e serviços que representam uma das mais consistentes tendências do ecossistema de negócios de impacto social; soluções desenvolvidas e comercializadas no Brasil, as empresas estão ganhando o mundo.
De acordo com análise setorial da equipe da Aceleradora da Artemisia – programa nas quais as iniciativas foram aceleradas –, ao pensar no ecossistema de negócios de impacto social como um todo, nota-se que grandes inovações do segmento estão associadas ao setor de tecnologia assistiva. O termo, originado do inglês assistive technology, é utilizado para identificar recursos e serviços que contribuem para proporcionar ou ampliar as habilidades funcionais de pessoas com deficiência, resultando em inclusão e melhor qualidade de vida.
Segundo Priscila Martins, gerente de Relações Institucionais da Artemisia, o segmento se tornou um dos pilares de atuação da organização por representar um grande potencial de negócio e de impacto social na vida de milhares de pessoas. “Quando analisamos as demandas da população de baixa renda em setores estruturantes (saúde, educação, serviços financeiros e habitação, por exemplo) é óbvio que as pessoas com deficiência que estão na base da pirâmide são ainda mais desassistidas; estão em grave situação de risco social e impedidas de ter seu desenvolvimento pleno muitas vezes por falta de acesso a produtos e serviços adaptados a suas necessidades e realidade financeira. Ou seja, brasileiros expostos a um círculo vicioso de não prosperidade e desenvolvimento. Por outro lado, quando falamos em oportunidade de negócio e de impacto social, estamos olhando para um mercado potencial de 45,6 milhões de pessoas. Na prática, quase 24% da população brasileira, de acordo com o IBGE, possui algum tipo de deficiência. Em 2000, essa parcela era de 14,5%, portanto, um crescimento de quase 1% ao ano”, analisa a executiva. Desses, a maioria tem entre 15 e 64 anos, faixa etária de brasileiros apta ao trabalho.
Dados da Organização das Nações Unidas (ONU) mostram que de sete habitantes do planeta, um vive com algum tipo de deficiência. No Brasil, uma parcela considerável de brasileiros tem problemas cognitivos ou motores que impedem ou dificultam a comunicação. Entre as doenças, autismo, paralisia cerebral, sequelas de acidente vascular cerebral, esclerose múltipla e esclerose lateral amiotrófica. “Diante deste cenário, é preciso fazer uso da tecnologia para desenvolver produtos e serviços inovadores, que proporcionem e ampliem habilidades funcionais destas pessoas. Oferecer qualidade de vida e inclusão ao promover a autonomia – sobretudo da população menos favorecida, de baixa renda. Não estamos falando de filantropia. Acreditamos na força dos modelos de negócio para endereçar a solução destes desafios por meio de produtos ou serviços desenhados para isso. Falamos em gerar lucro e impacto social em larga escala”, afirma Priscila, acrescentando que a tecnologia assistiva é transversal a outros temas, como educação e saúde. O impacto atinge, ainda, o entorno da pessoa com deficiência, incluindo familiares e sociedade.
Embora seja um mercado pouco explorado, na tecnologia assistiva há muita oportunidade para tornar cidades, produtos e serviços mais inclusivos, atingindo dentro deste recorte as pessoas de baixa renda. A estimativa é que a parcela da população brasileira com alguma deficiência, de todas as classes sociais, movimente R$ 22 bilhões por ano; no mundo, o valor chega a US$ 4,1 trilhões anuais. Cabe ressaltar que há modelos de receita diferenciados que não envolvem somente o beneficiário final como pagante. “Ao ter formas de monetização que envolvem poder público e iniciativa privada, os negócios focados em tecnologia assistiva são altamente acessíveis à baixa renda”, analisa Priscila Martins.
A Artemisia tem trabalhado para apoiar empreendedores que olham para esse potencial e enxergam um mercado real, lucrativo e de alto impacto social. As empresas aceleradas nos últimos cinco anos têm conquistado destaque dentro e fora do país.
Do Brasil para o mundo
A inovação e a escala dos modelos de negócio estão a serviço do desenvolvimento de produtos que atendam as necessidades e características das pessoas com deficiência. No Brasil, a nova Lei de Inclusão da Pessoa com Deficiência determinou que escolas privadas incorporem profissionais de apoio escolar para alunos com deficiência e que não cobrem valores adicionais por esse serviço. As escolas públicas e privadas devem se adequar para praticar a inclusão de fato. Soluções tecnológicas como as desenvolvidas pelos negócios de impacto social têm papel importante nesse contexto – não apenas no Brasil como em outros países.
“A Organização Mundial da Saúde estima que pelo menos 1 bilhão de pessoas na Terra possuem algum tipo de deficiência; pessoas que são a maior minoria do planeta. E eu sou pai de uma delas. Minha filha Clara tem paralisia cerebral; não anda nem fala. Foi para ajudar a minha filha que criei o software Livox com diversos algoritmos inteligentes que se adaptam às necessidades do usuário, a diferentes tipos de deficiência. Nós recebemos a chancela da ONU como melhor aplicativo do planeta e, recentemente, um investimento do Google. Hoje, estou morando nos Estados Unidos e, com um grupo de engenheiros, estamos criando uma incrível tecnologia que vai permitir que pessoas com deficiência se comuniquem até 10 vezes mais rápido”, detalha o empreendedor, que conquistou visto de permanência categoria 1 – destinada a postulantes “com extraordinária habilidade no campo da ciência, da educação, dos negócios e esportistas”. A família Costa Pereira está instalada a poucos quilômetros do Florida Hospital, onde será realizado o primeiro estudo clínico do Livox.
No Brasil, o trabalho continua. O Livox comercializa licenças do aplicativo pela Apple Store e Google Play. Para ganhar escala, firmou uma parceria com a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais do Estado de São Paulo (APAE), que atende anualmente 60 mil pessoas com deficiência – grande parte com dificuldades de comunicação. São 305 APAES no Estado, que podem aderir ao programa e se tornarem canais de venda. O aplicativo, nessa parceria, será vendido a R$ 351, um desconto de 74% em relação ao custo original. A empresa atua com os modelos de B2B (comércio entre empresas) e B2G (transações entre empresas e governos). Em 2014 foi realizada a venda de 5 mil licenças do aplicativo para a Prefeitura do Recife (PE).
Um outro exemplo analisado pela Artemisia é o Hand Talk, aplicativo que leva acessibilidade para a comunidade com deficiência auditiva do país – segmento que chega a 9,7 milhões de brasileiros. Trata-se de um tradutor mobile e dicionário de bolso gratuito que converte automaticamente texto e áudio em Libras. Por meio de uma parceria com o Governo Federal, a solução está presente em milhares de tablets em escolas da rede pública, facilitando a comunicação entre alunos e professores. Outra oportunidade de mercado identificada, além do canal Governo, são as empresas – atentas à importância de tornar seus canais acessíveis (como sites, totens informativos, etc) à comunidade surda, que representa um mercado a ser atendido.
Segundo Ronaldo Tenório, devido à percepção das pessoas e empresas sobre a importância de tornar os canais acessíveis à comunidade surda, a solução já está presente em milhares de websites brasileiros. “O número de usuários tem aumentado exponencialmente. Existem planos para todos os tipos e portes de sites, de forma que a ferramenta pode ser adquirida por um pequeno blog até um grande portal. Quase 70% dos surdos têm dificuldade de compreender o português e, até então, a internet era inacessível para eles”, afirma, acrescentando que tem entre os clientes marcas como Magazine Luiza, Avon, Natura, Pinacoteca do Estado de São Paulo e Catraca Livre.
Desde a criação, a empresa vem recebendo prêmios no Brasil e exterior; foi eleito o melhor aplicativo de inclusão social do mundo no World Summit Award Mobile – prêmio criado pela Organização das Nações Unidas (ONU), realizado em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes. No ano passado, Ronaldo Tenório foi eleito pelo MIT (Massachusetts Institute of Technology) como um dos 35 jovens mais inovadores do mundo (Innovators Under 35).
Hoje, o aplicativo ultrapassou a marca de 1 milhão de downloads e tem 150 mil usuários ativos por mês. Desde a criação, já impactou mais de 6 milhões de pessoas. Em 2017, o aplicativo se tornará uma ferramenta global ao incluir a Língua Americana de Sinais. Estima-se que 5% da população de um país seja de surdos, o que representa 15,9 milhões de pessoas nos Estados Unidos. “A expectativa é que até o final deste ano o aplicativo seja lançado nos Estados Unidos e, a partir daí, será mais fácil escalonar para outras línguas e países. Pretendemos, também, abrir uma nova e mais robusta rodada de investimento”, afirma.
A Playmove – empresa de educação e tecnologia que oferece soluções inovadoras voltadas para a aprendizagem mais lúdica – tem construído um processo de expansão via Playtable, principal produto. A mesa estimula a socialização, pois a tela é maior do que a de um tablet e permite atividades ludopedagógicas em duplas ou grupos. Como o autista precisa aprender a se relacionar, as atividades ludopedagógicas desenvolvidas na mesa digital podem motivá-lo a interagir, principalmente quando são casos mais leves de autismo. Quando as crianças jogam juntas aprendem a dividir, esperar a sua vez, ganhar e perder. São situações proporcionadas pelos games que refletem em outras interações sociais, como com colegas de escola, com a família e com os amigos.
A tecnologia, quando usada na medida certa, pode contribuir significativamente para o desenvolvimento emocional, social, motor e cognitivo de crianças autistas. A empresa já vendeu a solução para mais de 60 prefeituras, além de escolas particulares. Segundo Marlon de Souza, cofundador da empresa, os empreendedores estão iniciando a internacionalização por meio da abertura de distribuidores e a participação em feiras e eventos.
“Temos distribuidores da PlayTable nos Estados Unidos, em Portugal e nos Emirados Árabes, além de negociações para abrirmos distribuidores no Chile, México e Alemanha. Este ano já estivemos presentes em dois eventos nos Estados Unidos (Orlando e Boston) e na Spielwarenmesse, a maior feira de brinquedos do mundo, que acontece em Nuremberg, na Alemanha. Neste último evento, o produto foi selecionado para uma área chamada Tech2Play, com 33 brinquedos de tecnologia selecionados do mundo todo”, finaliza.
ARTEMISIA
A Artemisia é uma organização sem fins lucrativos, pioneira na disseminação e no fomento de negócios de impacto social no Brasil. A missão da organização é inspirar, capacitar e potencializar talentos e empreendedores para criar uma nova geração de negócios que rompam com os padrões precedentes e (re)signifiquem o verdadeiro papel que os negócios podem ter na construção de um país com iguais oportunidades para todos. Fundada em 2004 pela Potencia Ventures, a Artemisia é signatária do Pacto Global das Nações Unidas; possui atuação nacional e escritório em São Paulo.
A Artemisia foi a primeira organização do Brasil a fazer parte da Omidyar Foundation, a mais respeitada organização no setor de investimento de impacto, fundada por Pierre Omidyar, empreendedor do Ebay. Recentemente, a ARTEMISIA também foi anunciada como uma das cinco organizações selecionadas, entre 115 de toda a América Latina, pelo edital da Rockefeller Foundation, Avina, Avina Americas e Omidyar. www.artemisia.org.br