Investimento e apoio na gestão do negócio ajudarão a startup a beneficiar profissionais com mais de 50 anos que sofrem preconceito etário no mercado de trabalho
Com alegria, a Kaleydos anuncia um novo integrante em seu portfólio de startups apoiadas. É a MaturiJobs, plataforma digital em que pessoas acima de 50 anos (os chamados 50+) têm a oportunidade de se reinventar profissionalmente e encontrar oportunidades e alternativas de trabalho, para se manterem atualizadas. É uma startup atuante no campo da economia prateada, que oferece soluções a uma sociedade que vive o envelhecimento de sua população e, ao mesmo tempo, pouco valoriza profissionais mais experientes no mercado de trabalho.
A startup existe desde 2015 como uma plataforma de oportunidades de trabalho para os 50+, em que as empresas publicam vagas e as pessoas se candidatam, assim como empresas buscam profissionais em sua base de dados. Também ajuda empresas com capacitação para sensibilizar líderes, gestores e RH sobre o tema de diversidade geracional e preconceito etário, além de realizar processos de seleção. E começa a oferecer capacitação para os 50+ que estão dentro das empresas e irão sair em breve, para que planejem sua nova trajetória profissional pós-corporativa.
Junto aos 50+ que estão fora do mercado, oferece cursos e eventos online e presenciais para capacitação técnica e comportamental, orientação, autoconhecimento, networking e novos caminhos como o empreendedorismo e freelancing. E agora podem oferecer produtos e serviços de forma pontual tanto a empresas como a pessoas físicas por meio da nova plataforma MaturiServices.
A MaturiJobs adota como missão reduzir a falta de oportunidades para pessoas acima de 50 anos no mercado de trabalho no Brasil. Essa faixa etária representa 25% da população brasileira, mas ainda enfrenta grande preconceito nas empresas, que não estão preparadas para o envelhecimento da força de trabalho. Além disso, os 50+ muitas vezes não estão preparados para o novo mundo do trabalho e para o empreendedorismo (inclusive o individual), tendo assim muita dificuldade de se manter ou voltar ao mercado para gerar renda e ocupação em uma vida cada vez mais longeva.
Segundo João Santos, co-fundador e gestor da Kaleydos: “A Maturi vem em um momento em que a população do Brasil está rapidamente amadurecendo e já temos uma grande massa de seniores excluídos do mercado e da sociedade. Se nada for feito, a tendência é o agravamento do problema, com reflexos em vários setores da economia, inclusive na saúde. Paralelamente, a experiência de vida dessas pessoas constitui um ativo valioso, que as empresas começam a descobrir e a valorizar. O objetivo é dar todo o apoio necessário a esse público, desde vagas a oferta de cursos, eventos e conteúdos digitais, passando pela intermediação de serviços via marketplace e assessorando empresas numa abordagem mais completa e qualificada.”
“O Instituto Jatobás acredita na solução sistêmica e integrada dos graves problemas socioambientais que precisamos definitivamente enfrentar. E que, entre tantas iniciativas e possibilidades, o empreendedorismo de impacto proposto pela Kaleydos é uma possibilidade real neste enfrentamento, pois viabiliza ações duradouras por meio da geração, direta e indireta, de negócios e de renda. Em um país e em uma cultura que pouco valoriza a experiência dos mais velhos, ao mesmo tempo em que carece de formação aos mais novos, poder conectar estas experiências de vida ao vigor das novas gerações gera, além de valor econômico, um grande valor humano, de respeito, de acolhimento e de diversidade intergeracional”, afirma Luiz Alexandre Mucerino, co-fundador da Kaleydos e vice-presidente do Instituto Jatobás.
O CEO da MaturiJobs, Morris Litvak, conta que essa é a primeira vez que a startup recebe um aporte de capital e diz o que espera do apoio: “Esperamos que, com o aporte, o expertise e a experiência da equipe da Kaleydos, além de portas que ela possa abrir, a gente consiga validar esse novo modelo da MaturiServices e de venda de cursos online. Então o foco agora é em produtos digitais, que sejam escaláveis. Sempre com o foco na questão de impacto, mas de ser rentável também, de trazer receita de forma escalável e recorrente. Então a ideia é que a gente consiga agora estruturar melhor o time e que a Kaleydos traga expertise de gestão, governança, para com isso a gente ter esse novo modelo validado e, no próximo ano, buscar um aporte ainda maior para crescer.”
Morris conta a sua trajetória como empreendedor e o desenvolvimento da MaturiJobs
A busca por um empreendedorismo com propósito
Kaleydos conversou com Morris Litvak para entender a sua trajetória e o desenvolvimento da MaturiJobs.
Engenheiro de software graduado e pós-graduado pela Fiap (Faculdade de Informática e Administração Paulista), Morris conta que sempre foi empreendedor. Começou sua vida profissional em uma empresa familiar de desenvolvimento web, ao lado de seu pai, a Web Business. Em 2012, a empresa foi vendida para um grupo português e Morris continuou na equipe. Porém, logo notou que o clima da então empresa familiar havia mudado muito, devido a uma cultura muito agressiva de se fazer negócios. Foi então que começou a planejar a sua saída da empresa, já procurando uma atividade com mais sentido e propósito.
Em 2013, Morris perdeu sua avó, dona Keyla, o que o estimulou a pensar em sua história. Mulher muito ativa, trabalhou até os 82 anos e só parou no dia em que caiu na calçada e se machucou. Desde o dia em que ficou sem atividade, sua saúde decaiu rapidamente. E isso o fez refletir sobre longevidade e a importância do envelhecimento ativo.
O empreendedor relata: “Eu já me interessava um pouco pelo assunto, porque tinha feito trabalho voluntário em um asilo. Em 2014, eu comecei um projeto, participando de um programa do Social Good Brasil. Esse projeto se chamava Conectando Gerações. A ideia era juntar jovens com idosos para eles conversarem pela Internet, para dar atenção, trocar experiências, essas coisas. Através desse programa, comecei a descobrir essas metodologias, como design thinking, lean startup, canvas e a entender mais a questão do mundo de negócios de impacto e, principalmente, entrar de cabeça nesse mundo de envelhecimento e longevidade. Esse projeto não foi pra frente como negócio, pois não achei uma viabilidade financeira para ele. Mas eu abracei essa causa.”
Nasce a MaturiJobs
Decidido a empreender na área, em 2015 Morris saiu definitivamente da empresa que havia vendido. Sendo ano de grave crise econômica, conheceu muita gente entre 50 e 60 anos que havia perdido o emprego e tinha dificuldade de se recolocar no mercado devido à idade. E percebeu que muitas dessas pessoas ficavam deprimidas.
“Isso me lembrou a história da minha avó, mas com pessoas muito mais jovens do que ela. Muitas vezes nem aposentados ainda. Aí eu fui pesquisar e descobri que não existia nenhum tipo de iniciativa para ajudar as pessoas, nem de governo nem de empresas. Então ali eu vi uma oportunidade de negócio, que ninguém estava olhando para isso, e de impacto social porque tinha muita gente sofrendo com isso. E ia ter cada vez mais com a população envelhecendo rapidamente como está no Brasil. Então foi assim que comecei a MaturiJobs no meio de 2015.”
Primeiros passos
Segundo Morris, seu primeiro passo foi “validar a dor, descobrir se isso existia. Isso foi muito fácil e rápido, ao conversar com as pessoas”.
Ele conta um episódio emocionante:
“Me lembro de ter uma senhora que se ajoelhou na minha frente quando eu falei que tinha um projeto de ajudar as pessoas a conseguirem trabalho. Eu vi que realmente as pessoas tinham muita dificuldade, mandavam centenas de currículos no Catho, LinkedIn, não sei aonde. E não recebiam sequer um retorno para uma entrevista. Porque sabiam que estavam competindo com jovens e era muito difícil até que eles desistiam e ficavam deprimidos, doentes.”
Para validar sua ideia com potenciais usuários, colocou no ar uma landing page apresentando o projeto. A página teve forte repercussão e os usuários diziam que agora tinha uma esperança. Seu passo seguinte foi validar a ideia com as empresas. Queria entender se realmente há esse preconceito etário, o que logo se confirmou.
“Comecei a falar com RHs das empresas perguntando ‘vocês tem algum problema aí com relação a contratar pessoas com mais de 50 anos?’. Aí eles falavam que não. ‘Ah, legal, quantos vocês contrataram com mais de 50 anos no último ano?’ ‘Nenhum’. É sempre assim. Então percebi que realmente era um problema muito sério, mas a grande dificuldade sempre foi o interesse das empresas nessa questão”.
Crescimento contínuo e um desafio
Desde então, a base de usuários da MaturiJobs tem crescido organicamente, chegando a mais de 100 mil cadastrados em todo o Brasil. O que impulsiona esse crescimento é principalmente uma forte mídia espontânea, o que Morris credita ao fato de ser uma iniciativa ainda pioneira.
Mas, se por um lado há um grande interesse por parte dos usuários, por outro há o desafio de engajar empregadores. “O grande desafio é convencer as empresas sobre a importância disso. E elas fazerem algo a respeito”, conta Morris.
Por esse motivo, a MaturiJobs criou iniciativas para ajudar os 50+ a “se virarem sozinhos, não ficarem dependentes de procurar emprego”. Desde 2017, a startup produz uma série de cursos, eventos, conteúdo online e encontros de networking para que os usuários da plataforma encontrem caminhos alternativos ao emprego tradicional, como o empreendedorismo, o trabalho autônomo como freelancer, a consultoria e a economia compartilhada.
Incentivo ao trabalho freelancer entre os 50+: surge a MaturiServices
A recepção dos usuários em relação a alternativas para o emprego tradicional tem sido positiva e muitos passaram a ser empreendedores ou profissionais freelancers. Isso levou à criação da MaturiServices, uma plataforma de freelancer para os 50+.
Segundo Morris, “é uma questão de necessidade. As pessoas estão entendendo que não tem emprego e que tem que fazer alguma coisa. A maior parte da nossa base tem entre 50 e 60 anos, ainda é jovem, só 30% são aposentados. As pessoas precisam trabalhar.”
A ideia da plataforma tem sido bem recebida, mas por enquanto está aberta apenas para o cadastro dos profissionais e não para a contratação. A startup está tomando o cuidado de divulgar o serviço aos poucos para a sua base, a fim de fazer todos os ajustes necessários, de acordo com os feedbacks.
A MaturiJobs no futuro
Morris pretende fazer a MaturiJobs crescer muito nos próximos cinco anos, principalmente com soluções B2B. Seu plano é ajudar empresas a contratar profissionais 50+ e, além disso, preparar esses profissionais para o momento em que forem sair da organização, com um produto que seja uma espécie de benefício que as empresas possam dar aos seus funcionários, para que se preparem para um novo momento profissional fora do mundo corporativo.
Com isso, a MaturiJobs poderá ganhar mais escala e, além de estar bem estabelecida no Brasil, poderá ambicionar entrar em outros mercados. “Já que eu vejo que é uma questão global essa que a gente está olhando e que tem um potencial enorme como um todo.”
E a Kaleydos fará parte dessa história, ajudando a MaturiJobs a ampliar o seu impacto, beneficiando o público maduro que tanto tem a oferecer com suas experiências profissionais e de vida.