Pedro Tarak fala sobre as “Empresas B”, que oferecem soluções a problemas da sociedade, ao mesmo tempo em que buscam o lucro
Originalmente publicado em espanhol pelo ABC Color e pelo site do Sistema B. Tradução por Kaleydos.
O “Sistema B” implementado em determinadas empresas nacionais e do exterior vem instalando um novo conceito de rentabilidade e responsabilidade empresarial. Do que se trata? O cofundador do Sistema B Internacional, Pedro Tarak, esteve no país [Paraguai] e explicou o alcance que tem este modelo que ajuda a reconstruir comunidades e protege o meio ambiente, através de ações e ideias executadas pelo setor privado.
Uma empresa B é aquela que combina o lucro com a solução de problemas sociais e ambientais, espirando ser a melhor para o mundo”,
é o que assinala a a página deste movimento internacional, que chegou ao Paraguai oficialmente em 2015 com a primeira empresa certificada, no caso, a Kóga. Para se aprofundar sobre o tema, o ABC Color conversou com Pedro Tarak, argentino, cofundador do Sistema B Internacional, que ressaltou a importância de aplicar este novo conceito de economia sustentável que promove uma nova identidade de mercado, com pilares diretamente relacionados às soluções coletivas.
O que fazem? Uma Empresa B cria valor social e ambiental com um sistema de transparência e governança e ao mesmo tempo ganha dinheiro. “O propósito destas empresas está em introduzir esta ideia no coração do negócio e inclusive fazê-lo parte do estatuto”, menciona o profissional, que adiciona que cada empresa define que objetivo levará adiante.
Alguns casos
O especialista mencionou vários casos de sucesso e com impacto de empresas que começaram uma nova forma de trabalho, propondo metas econômicas e conquistas sociais ao mesmo tempo. “Xinca”, de Mendoza, é uma delas, que fabrica calçados tendo como matéria prima roupas reutilizadas e outros elementos reciclados.
Também comentou a experiência da empresa de bebidas “Guayakí”, da qual é acionista. A empresa tem como missão a regeneração da selva misionera e para alcançá-lo adquirem a erva-mate de folhas de árvores em pé (sem a necessidade de cortar os galhos) dos Aché Guayakí e de outras comunidades, com um pagamento que oscila entre 40% e 60% acima do valor do mercado.
Com isto, mantém o bosque, conseguem que as comunidades se desenvolvam e tenham uma fonte de renda digna, trabalhando com base em sua cultura e em seu próprio ecossistema. “O argumento sempre é alimentar o mundo, mas há que se entender que primeiro se deve alimentar a terra para seguir-se alimentando a longo prazo”, diz.
Ressalta que atualmente existem 2.060 empresas B distribuídas em 51 países, com 130 ítens, e que cada vez mais empreendimentos estão apostando em se tornar e gerar mudanças na sociedade, aonde estão e com o que produzem. “Há um faturamento coletivo que supera os 60 milhões de dólares desde o seu começo”, afirma Tarak.
Tarak alega que tanto as ONGs como as políticas públicas não são suficientes para fazer frente aos problemas sociais, daí a importância de que as empresas sejam participem diretamente da mudança sociais, econômica e ambiental.
“Não se pode observar o empresariado como o causador de problemas. Ao contrário, devem ser os que apontem soluções”, enfatiza o empresário. Tarak é um dos expositores que foram confirmados para o evento “Gramo Fest”, que finalmente suspenso no fim de semana em Assunção.
São cinco no Paraguai
Até o momento, são cinco as empresas certificadas como “B” no país, que são Koga, que trabalha com o desenvolvimento de empreendimentos com impacto; a empresa Vertical, que está na área de segurança do trabalho; Nexoos, uma plataforma que conecta investidores a pequenas e médias empresas e promove empréstimos em condições favoráveis; Sinergia Positiva, uma consultoria de recursos humanos que tem como diferencial o trabalho com comunidades indígenas de Caaguazú e, por último, Eneache, uma empresa de confecções que empresa mães solteiras.
Atualmente, cerca de 80 empresas estão passando pelo processo de certificação, mencionou Bruno Defelippe, executivo da Koga Impact Lab.