Por Maure Pessanha *. Publicado originalmente no blog da Artemisia.
O acesso à energia de qualidade com baixo custo está diretamente relacionado ao atendimento das necessidades básicas — e ao desenvolvimento social ligado à educação, saúde, crescimento econômico, segurança, oportunidades de trabalho e de renda. Das áreas rurais às urbanas, a energia é essencial para a melhoria da qualidade de vida. Frente a essa demanda, vemos a importância de potencializar empreendedores que já atuam na resolução dos principais desafios ligados à temática e, junto a isso, inspirar o desenvolvimento de uma nova geração de negócios que foquem no setor de energia e queiram gerar alto impacto socioambiental.
Para apoiar e inspirar o surgimento desses novos negócios, a Artemisia conduziu um estudo inédito que aponta oportunidades para empreender no setor. O levantamento — construído com o apoio da Eletropaulo e AES Tietê — reúne os desafios enfrentados pela população de menor renda no Brasil relacionados à energia e destaca oito oportunidades para o desenvolvimento de negócios que enderecem esses desafios de forma escalável.
Acesso à energia; geração e distribuição descentralizada de energia; inteligência de dados para eficiência energética; eficiência energética por meio da adequação de imóveis e equipamentos; eficiência energética na gestão e em equipamentos públicos; energia para produção no campo; meios de financiamento para acesso a serviços de energia não convencional; e capacitação e oportunidades para profissionais são as oportunidades detectadas e ilustradas com casos de negócios de impacto social brasileiros e estrangeiros.
Na oportunidade ligada à inteligência de dados para eficiência energética, um dos exemplos é a GreenAnt. A empresa de tecnologia, acelerada pela Artemisia, tem o objetivo de estimular a eficiência energética por meio do acesso à informação, através de um algoritmo próprio, desenvolvido pelo empreendedor Pedro Bittencourt. A partir de um medidor inteligente é possível identificar os aparelhos de maior consumo na residência e propor alternativas para redução de consumo. O negócio fluminense disponibiliza uma plataforma online para gestão e acompanhamento dos gastos em tempo real por eletroeletrônico — e envia recomendações direcionadas com foco na ação via SMS. A solução é aplicável tanto para residências quanto para empresas que busquem mais controle dos gastos energéticos.
Na oportunidade associada a meios de financiamento para acesso a serviços de energia não convencional está a Solstar — um negócio acelerado pela Artemisia que viabiliza geração de energia mais econômica e sustentável por meio de geração solar distribuída. Com o objetivo de diminuir as principais barreiras de adoção da energia solar, a startup desenvolve soluções que democratizam o acesso — garantindo a performance dos equipamentos instalados e viabilizando o investimento em projetos de energia solar em domicílios. A solução, criada em 2016, assegura a energia que será produzida, cobrindo a defasagem, caso fique abaixo do esperado. A startup está desenvolvendo, ainda, uma plataforma digital de financiamento para geração distribuída.
Vale ressaltar que as novas tecnologias impulsionam o usuário de energia a ter mais protagonismo. Em um novo cenário, o usuário tem a capacidade de gerar e armazenar a própria energia, além de contar com sistemas de gerenciamento que o ajudem a usa-la de forma mais inteligente. É o chamado “prosumidor” — neologismo baseado no termo em inglês prosumer que representa a junção das palavras produtor e consumidor. Esse prosumidor participa de maneira ativa ao começar a produzir a própria energia, possibilitando o envio dessa produção diretamente para o sistema para gerar economia. Como resultado, menor custo pela energia consumida e a democratização de um benefício importante para garantir dignidade ao humano. Para finalizar recomendo a leitura, na íntegra, do estudo que está disponível para download:bit.ly/TeseImpactoEnergia
Maure Pessanha, coempreendedora e diretora-executiva da Artemisia, organização pioneira no fomento e disseminação de negócios de impacto social no Brasil. (Texto publicado originalmente no Blog do Empreendedor — Estadão PME)