Investimento verde ganha força no Brasil e no mundo

Do Kria

Todos sabem da necessidade de iniciativas que olhem com mais atenção para as questões ambientais. Existe muita gente querendo mudança, mas pouquíssimas pessoas tomando atitudes. O empreendedorismo é peça chave no processo de tangibilização de ideais (eu disse IDEAIS, e não apenas ideias)! Ao mesmo tempo que as empresas com mais tempo de vida tentam se adaptar à “era do impacto”, grande parte das startups que surgem já são criadas com essa mentalidade enraizada em seu modelo de negócio. O problema é que nem todas as oportunidades se encaixam na realidade dos brasileiros. Se por um lado temos cada vez mais soluções lucrativas voltadas ao impacto socioambiental, as dificuldades de encontrar um negócio para investir ainda são grandes — principalmente quando se trata de uma pessoa física.

A maioria das oportunidades são para investidores qualificados, e giram em torno de quantias milionárias. Um exemplo são os green bonds (ou títulos verdes) — modalidade que ganha cada vez mais força ao redor do mundo. Os títulos verdes ainda são novidade no Brasil, e possuem um conceito muito parecido com os títulos de dívida comuns — com a diferença que os recursos devem ser obrigatoriamente usados para iniciativas voltadas ao impacto ambiental. Segundo a Climate Bonds Initiative, o potencial de movimentação econômica desse mercado, em médio prazo, é de R$ 100 trilhões, e de acordo com a mesma fonte, de 2015 a 2017, o Brasil emitiu 9 títulos verdes, que juntos somaram U$3,67 bilhões.

Por mais que os green bonds comprovem a tendência ao investimento verde, ele é pouco democrático. Essa demanda acarretou no surgimento de novas alternativas, como por exemplo o crowdfunding. Nem todos os negócios de impacto ambiental dão a devida atenção ao financiamento coletivo. De acordo com o Mapa de Negócios de Impacto Social + Ambiental da Pipe.Social, das startups que participaram do estudo, apenas 5% optaram pelo crowdfunding na hora de captar recursos no ano de 2017. Embora o número ainda seja baixo, a tendência é que ele cresça junto com a proliferação de uma cultura voltada ao consumo consciente.

Segundo o Carbon Disclosure Project, o desmatamento é responsável por 15% do total das emissões de gases do efeito estufa. Desde que assinou o Acordo de Paris, o Brasil comprometeu-se a recuperar 12 milhões de hectares de florestas desmatadas e a reduzir 43% de sua taxa de emissão de gases do efeito estufa até 2030. Ainda que ninguém discorde da importância e da seriedade das questões voltadas ao meio ambiente, são poucos os que tomam uma atitude em relação a isso — o que não é o caso de Gilberto Derze e Thiago Campos. Os dois amigos fundaram a Radix Florestal, uma startup que desenvolveu uma maneira de aliar retorno financeiro com impacto ambiental.

De maneira resumida, através de uma nova modalidade de investimentos florestais, quem investe na empresa aplica em árvores recém plantadas em uma floresta na região amazônica e, posteriormente, lucra com a comercialização das madeiras na proporção do valor investido. Esse caso chama atenção principalmente pela adesão do público — a Radix tem duas captações bem sucedidas em seu portfólio, e abriu recentemente sua terceira oferta via crowdfunding de investimento.

Outro exemplo que vale ser citado está relacionado ao futuro das matrizes energéticas no Brasil. Em 2016, a energia solar representava menos de 1% da produção de energia no país, e de acordo com projeção da Bloomberg, esse número deve chegar em 31% no ano de 2040 — crescimento alavancado pelo investimento de R$6bi no setor. Essa oportunidade foi um grande incentivo para que Vinícius Ferraz, um engenheiro eletricista, fundasse a Solar21. A empresa acredita no desenvolvimento das fontes de energia renováveis, e escolheu atuar a partir de um modelo de negócio voltado para a produção, consumo e digitalização da energia solar. A startup, além de vender, oferece o aluguel de sistemas fotovoltaicos, e também escolheu o crowdfunding como o motor para a construção de uma comunidade em torno do negócio e para o desenvolvimento de um aplicativo próprio de monitoramento para que seus clientes acompanhem dados como consumo, produção e economia em tempo real (esse monitoramento já foi implementado, mas ainda não acontece através de um app próprio).

Palavras não são o suficiente quando faltam ações que as materializem. Empreender é acreditar no potencial das suas próprias atitudes — e não apenas criar uma empresa do zero. Cada vez mais, o crowdfunding surge como uma opção para que pessoas se conectem com os negócios que desejam chegar no mesmo lugar que elas, e cabeças dispostas a trabalhar em conjunto possuem uma inigualável capacidade de fazer a diferença. Por mais que a possibilidade de levantar capital e ao mesmo tempo gerar impacto ao meio ambiente seja novidade, ela se mostra cada vez mais tangível para aqueles que possuem maturidade suficiente para enxergar o valor dessas oportunidades.O que suas ações falam sobre você?