Modelos inovadores para a sustentação financeira das incubadoras também é necessidade para continuar avançando na agenda de impacto

Da AUPA

Recentemente, tive a oportunidade de participar de uma iniciativa que buscava entender quais as principais demandas de incubadoras e aceleradoras de negócios para avançarem na temática de impacto social. Para muitas delas ainda é um grande desafio ampliar e fortalecer sua atuação junto a esse tipo de empreendimento, que se propõe a gerar lucro e retorno social.

O processo de escuta contou, na sua grande maioria, com incubadoras. Elas são aquelas organizações intermediárias de apoio e desenvolvimento de potenciais negócios, em estágio bem inicial.

Foi interessante observar a diversidade de perfil das instituições. Foram 23 organizações espalhadas pelas cinco regiões do país. Grande parte das incubadoras estão instaladas em universidades e parques tecnológicos, com enorme potencial para ir mais a fundo na temática, atrair e desenvolver negócios de impacto. Isso porque já trabalham com setores críticos para o desenvolvimento de nossa sociedade.

Apesar do posicionamento multisetorial de muitas das incubadoras, o agronegócio ou agritech se destaca por ser uma tendência nas regiões sul, sudeste, nordeste e centro-oeste. Os negócios na área da saúde também são fortes no sul, sudeste e nordeste. Outros setores proeminentes são de alimentos, no sul e no norte, e fármaco, no centro-oeste e norte do país.

Mas o que falta para aproveitarmos todo o potencial desses intermediários, que já acessam conhecimento de ponta?

Segundo as próprias incubadoras, falta alinhamento entre a equipe a respeito da temática, falta clareza sobre modelos de monetização, colaboração e acesso a mercado para os empreendimentos. Falta ainda entender como “converter” negócios com potencial de impacto, pensando suas cadeias produtivas e estratégias de acesso à população mais vulnerável. Há ainda um desejo entre as incubadoras de aprender com casos reais de negócios, promover mais trocas entre empreendedores de um mesmo setor, entre outras demandas.

De certa forma, muitos programas têm buscado endereçar essas questões, oferecendo metodologias, cursos e formações sobre negócios de impacto social. O Modelo C – uma metodologia, que une o Canvas e a Teoria de Mudança, é um exemplo disso. Criada pela Move Social e pelo Sense-Lab, com o apoio do ICE, a ferramenta orienta e estimula que o negócio e o impacto sejam pensados concomitantemente.

Mas o que eu gostaria de chamar a atenção é para uma questão talvez menos evidente aos olhos do ecossistema: a sustentabilidade financeira de incubadoras e aceleradoras. As fontes de financiamento dessas organizações ainda são muito restritas e os modelos são quase sempre os mesmos.

O financiamento público, por meio das universidades estaduais e federais ou por meio de editais de agências de fomento (FINEP, CNPQ, entre outros), se caracteriza como a principal fonte de receita das incubadoras. Muitas cobram taxas de seus associados, mas a contribuição é simbólica, e poucas ainda fazem parcerias com a iniciativa privada.

Para avançar na agenda de impacto, é preciso considerar o desafio financeiro que é presente no dia a dia das incubadoras, para além das ações de formação e disseminação de conhecimento sobre o campo.

Você conhece modelos inovadores de sustentabilidade financeira de incubadoras? Divida com a gente nos comentários.