Parte do lucro das hortaliças é revertido para a montagem de novas hortas em regiões em situação de vulnerabilidade
Foi conhecendo a seca do sertão nordestino que Edileusa Andrade despertou para um negócio social na capital paulista, onde hoje funciona a Plant Fazendas Urbanas, startup que cultiva hortas no topo de escritórios e mantém um centro de compostagem de material orgânico. Além de proporcionar às empresas uma forma de contribuir para melhorar ecossistema, o projeto ajuda a levar alimentação saudável a bairros carentes. Esta é uma ação contra a mudança global do clima e se enquadra no 13 dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU), de quem o Sebrae é parceiro no fomento aos negócios de impacto social e ambiental.
Geógrafa, Lê, como a empresária gosta de ser chamada, deixou o emprego de gerente para se dedicar unicamente à Plant, fundada por ela em 2016. Antes disso, esteve no Nordeste, onde atuava na formação comunitária no interior da Bahia e Piauí, em plena região de seca. Do sertão nordestino ela trouxe a ideia para São Paulo, onde a proposta seria reproduzir hortas nos telhados de grandes empresas, que teriam reduzidos seus custos de manutenção e até abatimento no Imposto Predial Territorial Urbano (IPTU). Todo o trabalho é feito com a ajuda dos sócios Jean Roversi e Jeison Cechell.
Em 2017, o projeto foi avaliado e selecionado pelo “The Big Hackathon”, competição do Programa das Nações Unidades para o Desenvolvimento (PNUD), por atender ao ODS de número 13. No mesmo ano, a Plant, que tinha ainda o nome de Vianatus, recebeu dois prêmios, sendo o 1º como Negócio de Impacto Social promovido pelo Sebrae e PNUD e o 2º de Negócio de Impacto Ambiental, concedido pelo Sebrae.
O negócio social pensado pela empresária, ainda no Nordeste, se tornou realidade há dois anos, e hoje a Plant Fazendas Urbanas desenvolve quatro projetos e segue em negociação. Além disso, o propósito maior da empresária está sendo alcançado, que é levar alimentação saudável para comunidades, além de permitir geração de renda aos moradores de regiões carentes. “Cada horta que a gente vende, uma parte é revertido em uma horta na periferia, com quem trabalhamos por meio das associações de bairros”, conta Lê. “Uma parte da produção é vendida pelos moradores ou distribuída”, acrescenta.
A produção das hortas construídas em empresas, condomínios e escritórios vai para os restaurantes das próprias corporações ou é vendida em feiras. A hortaliça é plantada com material orgânico produzido pela Plant. “As invés de ir para aterro sanitário, o material recolhido dos restaurantes, como os restos de alimentação, segue para um centro de compostagem de material orgânico e retorna para a horta como matéria-prima abundante em vitaminas”, explica a empresária. Todo o material usado pela empresa vem de material reciclado, adquirido de moradores de áreas carentes. Além de Edileusa e seus dois sócios, três mulheres trabalham como mantenedoras das hortas. Todas são de comunidades carentes e em situação de vulnerabilidade.