Entre as 26 selecionadas na segunda edição do Programa de Incubação e Aceleração de Impacto, a Arca Multincubadora, representante da região centro-oeste do Brasil, e A Banca, instituição que atua em São Paulo, avançam na implementação de seus planos de ação para atuar com negócios de impacto.
Ambas se destacam pela atuação peculiar: a Arca Multincubadora trabalha com desenvolvimento de negócios rurais, liderados por populações como quilombolas, assentados por reforma agrária e pescadores tradicionais. A Banca almeja desenvolver uma nova geração de negócios de impacto social tendo a população das periferias brasileiras como protagonista para solucionar os seus problemas sociais e ambientais.
Inovação é um dos critérios de maior peso na seleção do Programa de Incubação e Aceleração de Impacto, parceria entre o ICE (Instituto de Cidadania Empresarial), a Anprotec (Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores) e o SEBRAE (Serviço Brasileiro de Apoio a Micro e Pequenas Empresas). A partir de outubro, representantes do ICE iniciaram uma programação de visitas às cinco incubadoras selecionadas: Instituto Empresarial de Incubação e Inovação Tecnológica (IEITEC), em Canoas (Rio Grande do Sul); Programa de Incubação de Empresas de Base Tecnológica da Universidade Federal do Pará (PIEBT/Universitec/UFPa) e Parque de Ciência e Tecnologia Guamá (PCT Guamá), na região amazônica; Incubadora Tecnológica de Empreendimentos Criativos e Inovadores (ITCG), em Campina Grande (Paraíba); e, agora, a Arca e a Banca.
Arca Multincubadora
Em novembro, Samir Hamra, analista de programas do ICE, participou de reunião do Fórum de Segurança Alimentar da Central da Baixada Cuiabana, que congrega empreendedores e produtores rurais (agricultura familiar), diferentes órgãos de governo e representantes da Universidade Federal do Mato Grosso e de outras instituições de ensino superior.
“É um programa de articulação do ecossistema local e de segurança alimentar. O fórum seleciona empreendimentos que serão incubados para receber apoio direto ou apoio pontual. No geral, as incubadoras se propõem a trabalhar com negócios de base tecnológica. A Arca, uma das poucas incubadoras que trabalham com empreendimentos rurais, tem como proposta trazer o tema de negócio de impacto para o contexto de desenvolvimento rural”, diz Samir. Em sua apresentação no fórum, Samir falou sobre o conceito de negócios de impacto e compartilhou alguns exemplos de organizações que atuam no contexto rural como a Acreditar, que trabalha com microcrédito no interior de Pernambuco, voltada para mulheres e jovens.
A agenda incluiu visitas a duas cooperativas incubadas pela Arca. Uma delas trabalha com beneficiamento de produtos agrícolas, principalmente mandioca; a outra comercializa a produção de outras cooperativas, procurando resolver a distribuição da produção dos pequenos produtores. “Eles estão trabalhando em várias frentes. Um exemplo é a parceria com o governo estadual para utilizar contratos firmados com a secretaria de educação para o fornecimento de alimentos para a merenda escolar. A ideia é utilizar esses contratos como crédito para financiar o desenvolvimento dos produtores rurais”, conta Samir.
Mais do que trazer novos negócios para o seu portfólio, a proposta da Arca é promover o reposicionamento das cooperativas e dos pequenos negócios de agricultura familiar como negócios de impacto para que, dessa forma, consigam acessar outras fontes de recursos.
A Banca
O ponto principal do plano de ação de A Banca é o lançamento da Aceleradora de Negócios de Impacto da Periferia. O edital foi lançado no dia 30 de novembro e as inscrições ficam abertas até 15 de janeiro de 2018. Serão selecionados cinco negócios de empreendedores da periferia para participar do ciclo de quatro meses do programa de aceleração NIP. A iniciativa envolve também a Artemisia e o Centro de Empreendedorismo e Novos Negócios da Fundação Getulio Vargas (FGVCenn).
“A Banca nasceu como um movimento juvenil no final da década de 90 quando o Jardim Ângela era o lugar mais violento do mundo. Em 2007, passou pelo processo de aceleração da Artemisia e, em 2008, estruturou-se juridicamente, tornando-se uma associação e firmando-se como produtora cultural. Eles já apoiaram vários negócios em diferentes formatos na área da cultura, mas esse olhar específico para negócios de impacto é algo novo. O programa de aceleração NIP será um grande experimento”, explica Samir.
Podem participar empreendedores que desenvolvam algum serviço ou produto com impacto social e ambiental positivo, alinhado com sustentabilidade financeira, e que sejam residentes dos distritos: M’Boi Mirim, Capela do Socorro, Capão Redondo e Campo Limpo. As empresas devem estar, preferencialmente, em estágio de início das primeiras vendas.
Os critérios de seleção levarão em conta negócios com soluções relevantes para resolver problemas sociais e ambientais da região e empreendedores 100% comprometidos, que demonstrem capacidade de realização. O processo de aceleração terá encontros presenciais quinzenais, acompanhamento presencial no espaço do empreendedor, workshops e mentoria virtual.
Ao final do ciclo de aceleração, os empreendedores que tiverem participado ativamente de todo o processo e que tiverem desenvolvido um bom plano receberão R$ 20 mil para investir no negócio. Além disso, terão monitoramento para acompanhar o desenvolvimento do negócio, mentorias durante seis meses, com possibilidade de cada empreendedor possuir um mentor de acolhimento; e encontros entre os empreendedores NIP com empreendedores da Artemisia e alunos/professores da FGVCenn.