Do ICE

Capital e propósito podem ser sócios em uma nova economia? A resposta para esse questionamento está no documentário “Um novo capitalismo”, que tem Antonio Ermírio de Moraes Neto – cofundador da Vox Capital, fundo de investimento de negócios de impacto social – como narrador, produtor e protagonista.

O longa-metragem, produzido pela Talk Filmes e pela Dois e Meio Inteligência em Negócios Sociais, conta a história de cinco empreendedores sociais do Brasil, da Índia e do México. Negócios bem-sucedidos que geraram impacto social e constituem uma aposta nos próprios mecanismos de mercado para vencer a desigualdade social e problemas como acesso à saúde, moradia, educação de qualidade e renda.

Lançado oficialmente no dia 29 de novembro, dentro da programação do evento Encontro B, em São Paulo, o filme já está disponível nas plataformas digitais NetNow, GooglePlay, Itunes, Vivo TV e VideoCamp.

A ideia do documentário nasceu de uma viagem à Índia, em 2008. Antônio Moraes Neto, Nina Valentini (fundadora do Arredondar, Prêmio Empreendedor Social de Futuro 2016), Fernando Mistura (analista da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico- OCDE, em Paris), colegas da Fundação Getulio Vargas (FGV) e Priscila Martoni (produtora de cinema da Talk Filmes) percorreram um dos países mais pobres do mundo e a experiência acabou definindo a trajetória profissional do grupo. Um ano depois da viagem,  Antônio desistiu de uma proposta de emprego na consultoria Booz Allen para criar a Vox Capital.

Outra influência foi a leitura do livro “A Riqueza na Base da Pirâmide – Como Erradicar a Pobreza com o Lucro”, do indiano C. K. Prahalad. No começo do documentário, Antônio cita um dado do relatório da Oxfam: as 63 pessoas mais ricas do planeta concentram a mesma riqueza que as 3 bilhões mais pobres. “Negócio social é pensar em dois eixos: a busca pelo retorno financeiro e pelo impacto social. Na lógica tradicional, era um ou outro. A grande inovação é buscar as duas coisas ao mesmo tempo. Não são simples as soluções, mas afinal, qual legado queremos deixar para construir uma sociedade mais sustentável e inclusiva?”, pergunta.

O economista Muhammad Yunus, vencedor do Nobel da Paz em 2006 e fundador do Grameen Bank, conhecido como o “banco dos pobres” abre e fecha o documentário de 1 hora e 15 minutos. Inspiração  de uma geração de jovens empreendedores sociais ao redor do mundo, Yunus define: “Pobreza é escuridão”. Acompanhando sua fala, o filme mostra imagens de Madurai, na Índia, onde uma rede de clínicas oftalmológicas – a Aravind, criada em 1976 – já atendeu 46 milhões de indianos cegos ou em vias de perder a visão.

A fronteira do lucro e do im­pacto social e como eles podem cami­nhar lado a lado permeia o roteiro do filme, destacando negócios sólidos de diferen­tes escalas nas áreas de saúde, educação, microcrédito e moradia, impactando positi­vamente a vida das pessoas.

Entre as histórias inspiradoras apresentadas está a da Terra Nova, uma empresa social que trabalha desde 2001 com a mediação de conflitos, promovendo a Regularização Fundiária Sustentável de áreas urbanas particulares ocupadas irregularmente. Hoje, presente em três estados brasileiros, a organização contabiliza a regularização de mais de 2,5 milhões de m² de áreas urbanas particulares, contribuindo para o desenvolvimento de diversas comunidades.

Geekie, empresa certificada pelo Sistema B, criada em 2011, é outro case destacado no filme. Desenvolve tecnologias (aplicativos e plataformas) de ensino para facilitar a aprendizagem, adaptando o conteúdo para o aprendizado personalizado e preparando jovens para o ENEM. Desde a sua criação, mais de 5 milhões de alunos já tiveram contato com as ferramentas, reconhecidas como uma das seis tecnologias educacionais mais inovadoras do mundo.

A experiência do Compartamos, que concentra 42% dos empréstimos a microempreendedores mexicanos e pratica a menor taxa de juros do setor no México, é mostrada no documentário e faz contraponto com o case do Banco Pérola, do interior de São Paulo. A “banqueira” Alessandra França conta que se inspirou no livro “O Banqueiro dos Pobres”, de Yunus, que leu quando tinha 16 anos. O Banco Pérola emprestou mais de R$ 6 milhões, especialmente para mulheres da base da pirâmide.

“Com o filme queremos inspirar mais pessoas e passar a mensagem de que um novo capitalismo é possível”, afirma  Antônio.