Engenheiro de formação, Matheus Cardoso decidiu ajudar moradores da Zona Leste de São Paulo, depois de ter sofrido com enchentes na infância
As recorrentes enchentes no Jardim Pantanal, na Zona Leste de São Paulo, que destruíam os móveis das famílias carentes da região, serviram de inspiração para Matheus Cardoso criar a Moradigna, empresa que faz pequenas reformas a baixo custo e com pagamento parcelado. Engenheiro por formação, o empresário emprega cinco pessoas, todos moradores da localidade e já atendeu mais de 1,5 mil clientes nos três anos de existência do negócio. A proposta da empresa atende ao 9º dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU), por incentivar a indústria, inovação e infraestrutura. Desde 2015, o Sebrae é parceiro da ONU no fomento aos negócios de impacto social e ambiental.
Matheus conta que a cada enchente provocada pelas cheias do Rio Tietê, no Jardim Pantanal, onde morou por 20 anos, a história se repetia: móveis destruídos e casas com sérios problemas de insalubridade, por causa do mofo, entre outros fatores. “A empresa surgiu da necessidade dos moradores do Jardim Pantanal. Hoje atendemos toda a Zona Leste de São Paulo e também Guarulhos”, afirma Matheus, ressaltando que pretende, no futuro, expandir seus negócios para todo o Brasil. “Isso deve acontecer a partir de 2020”, ressalta.
Formado em engenharia, Matheus pretendia ganhar dinheiro para levar a família para uma região melhor, mas mudou de ideia a partir de uma pós-graduação em negócios sociais e mestrado em políticas públicas. Foi do primeiro curso que surgiu a Moradigna, cujo foco era realizar reformas em residências insalubres, como as muitas do Jardim Pantanal, principalmente entre as classes C, D e E. Hoje, de acordo com o engenheiro, cada trabalho custa em média, R$ 6,5 mil, que podem ser pagos em até 12 vezes. A empresa de Matheus, além da mão de obra, fornece todo o material de construção.
Para ajudar no pagamento das reformas, Matheus Cardoso se juntou a parceiros: “Temos pessoas que ajudam a financiar o trabalho”. Além disso, conta com empresas de cimento, tintas e impermeabilizantes, entre outros produtos. A proposta do engenheiro é trabalhar com o chamado kit mofo, mas a Moradigna também realiza reformas, que ficam prontas em até uma semana, principalmente em banheiros e cozinhas, cômodos mais afetados pelas enchentes. Em três anos, Matheus atendeu 1,5 mil moradores e a empresa social chegou a arrecadar em 2017, R$ 1,5 milhão.
“Nosso foco foi sempre o meio ambiente e as comunidades carentes”, conta Matheus, que começou o negócio em 2015 com um casal de sócios, mas hoje toca a Moradigna sozinho. Além de proporcionar reformas baratas e rápidas, o engenheiro procura contratar a mão de obra das próprias comunidades, como maneira de fazer com que os recursos circulem pelos bairros onde o trabalho é realizado. Em 2017, a empresa foi uma das 10 vencedoras do Prêmio Incluir, criado pelo Sebrae e pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) por identificar e estimular negócios sociais no Brasil, na categoria Juventude de Impacto. O empresário também foi considerado pela revista Forbes um dos 30 jovens talentos que brilham no Brasil.