Da ONU

Transformar casca de abacaxi em embalagem ou usar casca de batata como combustível pode parecer improvável mas estas inovações ganham força quando fica claro que uma economia baseada no cultivo e no uso de biomassa pode ajudar a combater a poluição e as mudanças climáticas. A afirmação foi feita pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) durante a Cúpula Global de Bioeconomia de 2018, em Berlim, na Alemanha.

“Uma bioeconomia sustentável, que utiliza biomassa – materiais orgânicos, como plantas e animais – em oposição aos recursos fósseis para produzir bens materiais e alimentos, é fundamental para a natureza e para as pessoas que cuidam e produzem biomassa”, disse Maria Helena Semedo, diretora-geral adjunta da FAO para Clima e Recursos Naturais. Ela explicou que isto envolve agricultores familiares, silvicultores e pescadores, que também “possuem conhecimentos importantes sobre como gerir recursos naturais de forma sustentável”.

A diretora da FAO destacou que a agência trabalha com Estados membros e outros parceiros nos setores convencionais da bioeconomia – agricultura, silvicultura e pesca – e também com tecnologias relevantes, como biotecnologia e tecnologias de informação, para atender os setores agrícolas.

“Precisamos promover esforços coordenados internacionalmente e garantir o engajamento de múltiplas partes interessadas nos níveis local, nacional e global”, disse ela, observando que são necessárias metas concretas, meios para cumpri-las e maneiras econômicas de medir o progresso.

Para ela, como a inovação desempenha um papel fundamental na bioindústria, todo o conhecimento – tradicional e novo – deve ser igualmente compartilhado e apoiado.

Alimentando o mundo, salvando o planeta

Embora haja alimento suficiente sendo produzido para alimentar o planeta inteiro, estimativas mostram que cerca de 815 milhões de pessoas ainda sofrem de subnutrição crônica devido à falta de acesso à comida.

“A bioeconomia e o rendimento gerado com a venda de bio-produtos tornam os alimentos mais acessíveis”, pontuou Maria Helena.

Ela também observou que a bioeconomia tem potencial para contribuir na questão das mudanças climáticas, mas fez um alerta contra a simplificação:  “Só porque um produto é bio não significa que seja bom para as mudanças climáticas; tudo depende de como é produzido e, em particular, a quantidade ou tipo de energia utilizada no processo”.