Do ICE

O Programa de Incubação e Aceleração de Impacto realizado pelo ICE, Anprotec e Sebrae, foi um dos destaques da 34ª Conferência da Associação Internacional de Parques Tecnológicos e Áreas de Inovação (IASP), que aconteceu em Istambul, Turquia, entre os dias 25 e 28 de setembro. A mensagem da edição 2017 foi “Better Together”.

O case “Developing a model for mainstreaming the incubation of technology-based social impact-driven enterprises” foi apresentado por Fernanda Bombardi, gerente executiva do ICE, em plenária que desenvolveu o tema “O futuro: sonhos realísticos”. Além dos resultados consolidados da primeira edição do programa, Fernanda falou sobre o papel das incubadoras e aceleradoras no fomento às finanças sociais e aos negócios de impacto.

A Conferência da IASP, um dos maiores eventos sobre empreendedorismo inovador do mundo, fez parte da Missão Técnica Anprotec 2017, que levou uma comitiva do Brasil, formada por 25 integrantes de 17 instituições brasileiras. Na primeira parte da programação, de 18 a 22 de setembro, a comitiva visitou ecossistemas de inovação nas cidades de Málaga, Bilbao e Barcelona, na Espanha.

A Missão Técnica Anprotec tem o apoio do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), Conselho Nacional de Secretários Estaduais para Assuntos de Ciência, Tecnologia e Inovação (Consecti), Ministério das Relações Exteriores (MRE), Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes/MEC), Associação Internacional de Parques Tecnológicos e Áreas de Inovação (IASP), Associação de Parques Tecnológicos da Espanha (APTE), Rede de Parques Científicos e Tecnológicos da Catalunha (XPCAT) e La Salle Technova Barcelona.

Impacto socioambiental

Em sua apresentação, Fernanda Bombardi abordou os resultados preliminares, lições aprendidas e recomendações do Programa de Incubação e Aceleração de Impacto, iniciativa que reuniu ICE, Anprotec e Sebrae, em 2015, com o objetivo de incorporar a agenda de impacto social nas estratégias de incubadoras e aceleradores baseados em tecnologia.

“A temática de impacto socioambiental ainda é pouco abordada. Nesse sentido, levar essa perspectiva para uma conferência de empreendedorismo e inovação pode ter muito poder, porque estimula essas instituições a olhar para o tema de forma mais estratégica”, analisa Fernanda.

O Programa envolve incubadoras de empresas, aceleradores e parques tecnológicos e conta hoje com 45 organizações de todo país. A proposição básica de valor para o ecossistema de empreendedorismo é dupla. Para as incubadoras, cria uma oportunidade de diferenciação, potencialmente abrindo novos fluxos de financiamento do governo, filantropos e instituições financeiras de desenvolvimento, e para os empreendedores representa novas fontes de investimento para seus negócios. Os principais desafios identificados foram a sustentabilidade financeira de incubadoras e aceleradores e a falta de familiaridade com as ferramentas de monitoramento de impacto.

“O Brasil tem uma rede de 384 incubadoras, 45 aceleradoras e 28 parques tecnológicos, o que significa que existe um grande potencial para alcançar escala rapidamente se agregarmos essas organizações como parceiros”, aponta.

O Programa de Incubação e Aceleração oferece capacitação para o desenvolvimento de planos de ação, prêmios no valor R$ 25 mil reais para os vencedores e apoio contínuo do ICE por um período mínimo de seis meses à medida que os planos de ação começam a ser implementados. Além disso, as empresas de impacto apoiadas por esses vencedores têm acesso a serviços de suporte do Sebrae e mentoria dos membros da ICE.

Na primeira edição do programa, 45 organizações completaram com sucesso essas atividades e apresentaram um plano de ação para incorporar impacto social e ambiental em sua estratégia e portfólio. Desse total, cinco organizações foram selecionadas como vencedoras do desafio.

A avaliação inicial realizada com vinte incubadoras e aceleradores que completaram a primeira rodada do Programa aponta que:

  • 70% implementaram o plano de ação e começaram a trabalhar estrategicamente com empresas de impacto social;
  • o grupo incuba um total de 37 empresas de impacto social;
  • a divulgação desse novo conceito atingiu mais de 3.200 pessoas, por meio de eventos, palestras e workshops;
  • 80% dos entrevistados disseram que o Programa contribuiu muito para incluir negócios de impacto em sua estratégia;
  • os principais desafios enfrentados na implementação do plano foram: falta de estrutura, recursos e apoio interno e em equipe;
  • a maioria dos negócios está em meio ambiente, saúde, educação e energia renovável;
  • ter negócios de impacto social na carteira parece estimular as outras empresas a pensar sobre o seu potencial para criar impacto;
  • alguns incluíram critérios de impacto em seu processo de seleção, investiram em treinamento de pessoal e adaptaram o processo de incubação.

“Acreditamos que este programa tem o potencial de criar mudanças transformadoras no Brasil, estimulando a criação de soluções baseadas em tecnologia para resolver problemas sociais enfrentados pela população de baixa renda, por meio de modelos de negócios que são autossustentáveis, em vez de confiar em doações para sobrevivência.

Esse movimento pode influenciar ainda a agenda do empreendedorismo em todo o mundo e as organizações do futuro precisarão estar preparadas para receber e apoiar empreendedores sociais”, destaca Fernanda.

A participação brasileira foi expressiva na Conferência. Entre os oito papers brasileiros aprovados para apresentação oral, seis são de associados ou parceiros da Anprotec; e os outros dois são da própria associação. Também merece destaque o fato de que a delegação brasileira foi maior em relação ao número de participantes nos últimos anos.