“Inovar não é ter uma grande ideia. A execução disso é o que vale”, avaliou Cássio Spina, presidente e fundador da Anjos do Brasil, na Conferência Nacional da organização.
Com essa frase, ele já deu uma prévia do que viria em sua apresentação no evento, focada na ideia duvidosa de que tendências devem nortear o trabalho do empreendedor.
Empreendedor de sucesso, que criou uma startup já na faculdade (quando esse termo nem existia ainda), Cássio acredita que um insight, ou seja, aquela grande oportunidade que se identifica, é o que dá origem à inovação propriamente dita.
“Meus negócios surgiram disso. Minha primeira startup, criada em 1986, era sobre a criação de um software para rodar videotexto, que era mais econômica e eficiente que um terminal”, conta o executivo, completando que, após o sucesso da iniciativa, começou a criar seus negócios.
Uma ideia é algo que vem de dentro para fora. Trata-se de uma representação mental de algo concreto. Como um clique, ela pede que a pessoa esteja conectada com o mercado para que aconteça. Duvida?
Primeiro, olhem para fora e entendam qual é o real problema do seu cliente. (Cássio Spina)
Um exemplo citado por Cássio foi o da empresa britânica de supermercados Tesco. A situação enfrentada pela organização foi a seguinte: sua subsidiária na Coreia era a número 2 do mercado e eles queriam assumir a liderança, porém sem investir em mais pontos de venda.
Foi então que eles refletiram sobre a jornada de trabalho dos coreanos, que é muito intensa, e constataram que eles não teriam tempo hábil para irem ao supermercado. Foi então que surgiu a ideia do mercado virtual, montado nas estações de metrô.
“Com essa solução, a pessoa pega o smartphone, vê o que deseja, escaneia o produto e vai comprando. Muitas vezes, a compra chega com ela em casa”, explicou Cássio, destacando que entender a necessidade do cliente e se antecipar ao mercado foram passos essenciais para garantir a liderança de mercado à empresa.
Mito do pioneirismo: quando vale a pena ser o primeiro?
Nem sempre ser pioneiro vale a pena. Na maioria das vezes, é muito mais arriscado, caro e cheio de incertezas. Para quem duvida, Cássio exemplificou com uma história própria:
“Em 1997, começou a surgir a tecnologia para comunicação wireless. Eu, então, pensei que fosse revolucionário e queria ser o primeiro no Brasil a ter isso”, explica. “Descobri nos EUA uma empresa que tinha essa tecnologia, mas, ao encontrá-los, perguntaram se eu tinha certeza de que desejava fazer isso”, conta o executivo, afirmando que, meses depois, o negócio deu errado.
Mas por que uma tecnologia tão promissora foi capaz de falhar?
A resposta envolve, principalmente, o timing e falta de validação da demanda, já que no Brasil essa tecnologia ainda era muito crua. “Essa mesma empresa foi comprada, depois, pela Cisco, por 800 milhões de dólares. Devia ter investido em ações dela”, brincou Cássio, destacando que o desejo de ser pioneiro em algo acabou atrapalhando seus objetivos e resultados.
A história mostra que os pioneiros não dão certo”, avalia o empreendedor, destacando que, para que se sobressaia, o pioneiro deve criar uma forte barreira em relação ao concorrente, seja por falta de recursos para produzir ao similar ou até proteções regulatórias. O alto custo disso também é limitador.