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Publicado originalmente no blog do Gabriel Meissner.
Crédito para quem não tem acesso a crédito
Se uma pessoa quer aumentar o seu padrão de vida – por exemplo, começando um negócio próprio – uma das maneiras mais simples de se fazer isso é obtendo um empréstimo bancário. Porém, cerca de 2,5 bilhões de pessoas – um terço da população mundial – ainda não são bancarizadas e, portanto, não têm crédito para obter empréstimos nas instituições financeiras tradicionais.
Mas será que isso significa que lhes emprestar dinheiro é má ideia? O conceito de microcrédito, criado pelo ganhador do prêmio Nobel da Paz Muhammad Yunus, mostra que conceder empréstimos a pessoas muito pobres, sem nenhum acesso a crédito, funciona. Os empréstimos são geralmente pagos (quase 100% deles) e estas pessoas melhoram seu padrão de vida. Mais do que uma política de financiamento, o microcrédito funciona como uma política de combate à pobreza.
Tala: concedendo empréstimos via smartphones a quem não tem acesso a crédito tradicional
Uma palestra do TED Talks, por Shivani Siroya, apresenta um método inovador e muito interessante para conceder empréstimos a pessoas sem nenhum histórico de créditos. O objetivo é tornar o acesso a crédito ainda mais simples do que nos caso dos microcréditos criados Yunus e conceder empréstimos mais vultosos, que gerem um impacto maior na vida das pessoas que as recebem.
A solução é um aplicativo para smartphones que cria um perfil de crédito do usuário que deseja obter um empréstimo. O Tala (antigo Mkopo Rahisi) acessa os dados móveis do usuário para estabelecer o quanto ele é confiável. Exemplos destes dados são: ligações periódicas para sua família (demonstrando relações estáveis), consistências nos locais que frequenta cotidianamente, quantidade de pessoas com que se relaciona (troca mensagens, por exemplo), entre muitos outros. São dados que as instituições financeiras não costumam levar em consideração, mas que são fundamentais para a Tala conceder um empréstimo, pois suas estatísticas mostram que pessoas com estes hábitos tendem a pagar suas dívidas.
O ponto central aqui é identificar alguém que – mesmo não tendo conta no banco e nenhum histórico de crédito – pareça confiável. Alguém a quem um amigo ou parente emprestaria dinheiro, com a confiança de que receberia o valor de volta. Mas fazer isso como uma empresa.
A Tala tem funcionado bem no Quênia. Até a data da palestra no TED, mais de 200 mil empréstimos já haviam sido concedidos no país por meio do aplicativo. E com sucesso, uma vez que mais de 90% deles tem sido pagos de volta, o que está alinhado com os bancos tradicionais.
Esta é uma iniciativa que poderia se espalhar pelo mundo, incluindo o Brasil. Sem dúvida alguma, há muita gente sem acesso a crédito nas formas tradicionais, mas que são confiáveis e merecedoras de um empréstimo que ajude a lhes dar mais autonomia na vida.