Chegamos a mais um final de ciclo! E quantas emoções em 2021, hein?
Este foi um ano ainda turbulento, mas com maiores esperanças e retorno ao que conhecíamos como ‘normal’. Com o avanço da vacinação durante o ano, tivemos a reabertura de comércios, escritórios, parques, eventos e um reaquecimento econômico após um período de queda e estagnação.
No ecossistema de impacto, vimos os movimentos ganharem velocidade novamente. Tivemos diversos lançamentos de estudos e cases como o 3º Mapa de Negócios de Impacto Socioambiental (Pipe.Labo), o Guia para inovar com Impacto (Quintessa), a Tese de Aceleração da PPA (PPA), as novas recomendações para o avanço dos investimentos de impacto até 2025 (Aliança Pelo Impacto) e diversos outros. Também foi um período de reconexão dos atores e de comunicação intensificada por meio de reuniões, projetos e eventos com foco em promover a temática de negócios e investimentos de impacto.
Para a Kaleydos, foi um ano de consolidação. O principal objetivo foi apoiar o desenvolvimento e o crescimento dos negócios que fazem parte do portfólio e buscamos fortalecer a comunicação por meio de nossos canais digitais, trazendo conteúdos e oportunidades para empreendedores e empreendedoras que estão desenvolvendo soluções de impacto. E deu muito certo!
Conversamos com João Santos, CEO da Kaleydos, para saber como foi esse período.
Confira o papo e boa leitura!
Hoje é um dia para relembrar as conquistas (e os obstáculos) do ano, quase que como um balanço geral. Mas antes, como a Kaleydos atua e qual seu cenário atualmente?
A Kaleydos é uma holding de investimentos e desenvolvimento de negócios de impacto socioambiental, uma iniciativa do Instituto Jatobás, com o propósito de incentivar negócios em estágio inicial. Buscamos soluções que possuam grande possibilidade de gerar cadeias de valor mais sustentáveis, éticas e justas.
Atualmente o portfólio é composto por 4 negócios: Maturi, Integrow, Tudubambu e WeUse, que são geridos com nosso apoio de acordo com o nível de participação que possuímos.
Na Tudubambu e na Integrow fazemos uma gestão mais próxima, com atuação direta em questões operacionais, estratégicas e de planejamento, pois estamos presentes desde a concepção delas. Já na Maturi e na WeUse atuamos por meio do Comitê Gestor.
Podemos considerar que 2021 foi o ano de início da retomada econômica e social, ainda que com ressalvas. Como foi esse período para a Kaleydos? Foram muitos obstáculos superados?
Sem dúvida nenhuma nos vimos diante de muitos obstáculos, especialmente os enfrentados por nossos investidos. O freio da economia teve impacto no faturamento dos quatro negócios, porém, tivemos melhoras visíveis em todos.
A Maturi, que tem como seu principal produto a consultoria e projetos para outras empresas, surpreendeu mantendo-se forte. Com a chegada do ano subsequente, foi possível fechar contratos com grandes empresas e mais eventos voltaram a acontecer (mesmo online). O Maturi Fest reuniu milhares de pessoas em torno do tema de empreendedorismo 50+ e contou com a participação de palestrantes renomados como Mario Sérgio Cortella, Marcelo Tas, Wellington Nogueira, Alexandre Kalache, Cris Guerra e Costanza Pascolato.
No caso da WeUse, a maior parte do seu público é formado por homens da Classe C que buscam economizar com as roupas para trabalho. Com o trabalho agora sendo dentro de casa, a empresa perdeu diversas assinaturas. Isso abalou o caixa. Neste ano a empresa conseguiu uma nova rodada de investimento que rendeu em torno de R$1 mi para a retomada do crescimento do negócio em 2022.
Com o modelo de consultoria na área de gestão e governança, a Integrow enfrentou um mercado fechado para produtos e serviços que não fossem substanciais ao funcionamento das organizações. Esse cenário impactou muito negativamente o faturamento. Diante disso, 2021 foi o momento de rever o modelo de negócios.
Em contramão, temos a Tudubambu. Aqui o obstáculo é dar vazão à grande quantidade de pedidos. São demandas de arquitetura, decoração, revestimentos que não param de chegar. Infelizmente, por causa da implantação da fábrica e processos burocráticos.
Todas as empresas, inclusive a Kaleydos, estão voltando a energia, mas ainda é o começo da retomada. Não há como afirmar que tudo está de volta. É necessário cautela, estratégia e planejamento.
A Kaleydos, como organização, teve alguma mudança em 2021?
Neste ano não tivemos grandes movimentos nem mudanças estruturais. Foi um ano totalmente voltado à consolidação dos nossos negócios investidos até 2020.
No modelo planejado anteriormente, a proposta era investir em um negócio novo todo ano. Porém, nos últimos 2 anos, a Integrow e a Tudubambu exigiram uma atenção especial e investimentos não previstos inicialmente. Por entender o impacto de cada uma delas e sermos parte da estratégia e da operação, optamos utilizar uma reserva para a consolidação desses negócios.
Quais os pontos de destaque da Kaleydos em 2021?
Quando falo de destaques da Kaleydos, na realidade eu falo dos sucessos dos negócios que estamos acompanhando. A plataforma que leva o nome Kaleydos é só um veículo de investimento e gestão. Nossos objetivos e propósito são alcançados quando os negócios em que investimentos têm conquistas positivas. Nesse sentido, fomos muito felizes e comemoramos os destaques dos 4 negócios.
Com a Tudubambu, formamos e capacitamos a primeira equipe – fabril, comercial e de serviços, implantamos uma fábrica e atendemos pedidos grandes, de forma altamente eficiente. A demanda crescente e os novos contratos provaram a nossa tese de que a fábrica traria eficiência e redução de custos para atingir maior escala e competitividade no mercado de revestimentos para arquitetura e construção. Ainda sem termos a fábrica em plena atividade, tivemos cerca de R$ 1,4 MI em vendas.
Na Integrow, realizamos um ano de transição na modelagem de negócio, onde a empresa deixa de prestar apenas consultoria. Agora ela desenvolve e transfere know-how aos clientes alinhando consultoria e tecnologia, na criação de um novo modelo de receitas recorrentes. Em novembro lançamos a CONATUS, plataforma de automação e gestão de programas integrados de ESGRC (Meio Ambiente, Social, Governança, Risco e Compliance) e principal produto da Integrow, acessado pelas empresas via contratos de licença de uso.
A Maturi resistiu e cresceu, ainda com as idas e vindas do mercado. A startup conquistou grandes contratos com empresas sólidas, construiu novos produtos digitais escaláveis como a Maturi Academy (modelo que será a base para a meta de 2022 para uma receita recorrente) e consolidou o MaturiFest. A previsão de faturamento em 2021 é de aproximadamente R$ 1.2 MI, mantendo o caixa estável.
No caso da WeUse, esse foi um ano de consolidação e reestruturação. Durante todo o ano foram implementadas melhorias na experiência do usuário, com a reestruturação de toda a interface digital, e estruturamos o módulo B2B2B via white label, por meio do qual grifes poderão utilizar a We Use inserindo suas lojas na plataforma para a locação de roupas, a partir de 2022. Criamos um piloto, também, de marketplace no qual pessoas físicas poderão destinar locações de suas peças por meio da WeUse, a ser testado em 2022.
Quais são os objetivos da Kaleydos para 2022?
Seguimos com foco na consolidação desses negócios. Essa foi nossa prioridade em 2021 e segue em 2022. Além disso, estimamos que todos eles atinjam o breakeven (equilíbrio financeiro), criando bases para o crescimento sustentável dessas empresas.
É muito bom ver que os negócios estão voltando com toda a força! Existe alguma possibilidade de vermos esse portfólio crescendo?
Sim! Estamos com planos de investir em pelo menos mais um negócio em 2022, mas ainda não temos essa decisão. Iremos analisar as possibilidades e buscar um novo investido que compartilhe de nossos valores e propósitos, gerando impacto positivo real.
Para finalizar o papo (e o ano), quais são as suas expectativas para 2022 para o ecossistema de impacto positivo no Brasil?
O ecossistema voltou a crescer e vejo que a curva só tende a subir em 2022. Esse será mais um ano de cristalização da disponibilidade de capital para negócios de impacto. É importante destacar que, com esse cenário, teremos maior disponibilidade de recursos, mas a tendência é que tenhamos menos negócios consistentes, validados e com tração suficiente para receber esses investimentos.
Por isso, é importantíssimo que todo o ecossistema trabalhe a favor de projetos em estágios iniciais, que ainda não possuem acesso ao mercado. Desta forma construiremos um caminho sólido para que as novas ideias sejam desenvolvidas e possam alcançar escala.